Tuesday, July 31, 2007

Defendendo a Nomenclatura Científica

Você sabe o que é a árvore da biodiversidade? É o que conhecemos no mundo acadêmico por cladograma, que através da análise morfológica nos mostra as relações evolutivas existentes entres os diversos táxons (espécie, gênero, família, ordem, classe, filo). Além da anatomia e outras vertentes macros, utilizada em larga escala pelos primeiros sistematas, atualmente, tem-se usado a genética, como principal fonte de análises comparativas através de alguns marcadores moleculares como microsatélites, SINES e SNPs.

A história da evolução da sistemática nos mostra o método comparativo de ver a vida através da taxonomia, tivemos três escolas, nas quais podemos inferir a primeira, originada e defendida por neodarwinistas, chamada sistemática evolutiva, ou gradista contra o fixismo imposto pela "Teologia Natural", de adeptos que agora não tem um movimento sistemata fixista, e sim baraminologicos através da baraminologia, nós somos frutos de um baramin, os macacos e símios parecidos, de outro baramin, e tome exegese para provar a ultrapassada teoria do poligenismo, uma tentativa frustrada criacionista com o mecanismo PUF múltiplo. A segunda, a sistemática fenética, na qual a filogenia era subjetiva, e não objetiva, utilizando em larga escala probabilidades, técnicas matemáticas de aproximação. A última e atual, foi proposta por Hennig, que utilizou do próprio nome para inauguração do primeiro software utilizado em larga escala por sistematas, o Hennig86, inaugurando a cladística, as linhagens filogenéticas. Outros exemplos de softwares podemos citar o PAUP e o NONA.

Mesmo não podendo voltar atrás no tempo, ou viver tanto tempo a ponto de perceber especiações em animais de ciclos de vida duradouro, podemos ter uma aproximação parcimonial através de métodos comparativos, constâncias embriológicas, evolutivas, anatômicas, fisiológicas, bioquimicas, dentre outras. Enfim, no macro e no micro.

Oliver Rieppel, artigo publicado em 2005, explicita que o teste da evidência total utilizado para inferências filogenéticas, assim como a teoria da verdade é para a metafísica e a do coerentismo para a epistemologia, é criticado a partir dos caracteres de congruência (que são comum entre comparação anatômica das espécies, homologia) apesar de serem necessários, mas não suficientes para reconstrução filogenética. A crítica permeia as características derivadas de fatores como desenvolvimento, função, herança e evolução, por seguirem aleatoriedade no processo de escolha da característica dada, um exemplo seria: Dois ursos, um branco e outro marrom, que diferem somente pela cor dos pêlos. Seria essa característica da cor dos pêlos arbitrária, e ignoraria a homologia, e seus diversos caracteres estruturais evolutivos que poderiam também ser utilizados?

Não, não é arbitrária, visto que é analisado onde encontramos topologicamente, na estrutura do organismo, a homologia; na similaridade por composição química/embriologia; e na continuidade através dos intermediários (fósseis).

Embora Kuhn (rs), critique a idéia dos compromissos ontológicos da filogenia, Quine, promove essa idéia, e defende que a ontologia é extendida para especificar quais objetos possam existir para que a teoria possa ser verdadeira pela ontologia. Hennig, não fica atrás, e também defende a filogenia pela teoria da coerência da verdade na metafísica, "Uma suposição que é verdadeira, é mostrada por sua 'confirmação' dentro da relação pensada, visto que não contradiz a relação, mas se ajusta nela." Algo deve ser realista quando segue uma objetividade, uma falibilidade, transfenomenalidade (indução), e para finalizar, uma contrafenomenalidade (crítica à aparência e a realidade) segundo o realismo transcendental, que engloba o realismo ontológico, o realismo epistemológico e a racionalidade do julgamento, vide Bhaskar.

Portanto, o mundo filogenético não é só de hipotéticas-deduções (Popper), é de probabilidades empíricas também, devido as características observadas geneticamente, bioquimicamente (micro) e fisiologicamente, anatomicamente, citologicamente, embriologicamente (macro) comparadas.



A notícia que saiu a poucos dias na Science Daily exemplifica melhor os fatos que ocorreram no Cambriano através da descoberta de fósseis trilobitas, que os DIstas amam omitem, ou distorcem.

"Mas como a evolução causou uma maior variabilidade dos organismos, as comunidades ecológicas tornaram-se mais diversas. “Você teve que ser minuciosamente ajustado a seu nicho particular para fazer uma vida e para vencer concorrentes para um recurso limitado.” A hipótese genômica oferece uma segunda explanação para o declínio da variação dentro das espécies sobre o tempo. De acordo com esta idéia, os processos internos no organismo eram os fatores chaves. Os vários processos de desenvolvimento interagem um com o outro para controlar o crescimento e a formação das peças de corpo enquanto todo o organismo progride do ovo ao adulto. “Foi o sugerido nos primórdios da história evolucionária, no período Cambriano, ao grau que nestes diferentes processos ontogenéticos, a interação de um processo com o outro dentro do organismo era muito menor” Webster sugeriu dizendo. “Em conseqüência, os confinamentos em o que o organismo final olhado como era relativamente baixo.” Ambas as hipóteses são igualmente viáveis na luz dos achados mais atrasados de Webster. “Nós necessitamos separar a aparte o que está controlando este teste padrão da variação elevada dentro das espécies. Há muito trabalho a fazer” disse.

Você como um bom neodarwinista, pergunta, qual espécie foi encontrada antes dos trilobitas? Agora pergunto, qual trilobita? Há mais de quatro mil espécies fossilizadas deles, organizadas em uma árvore filogenética. Recomendo o site, Webprojeto Árvore da Vida (em inglês) pela didática.

Termino, citando Gould, apud Darwin: "Os Fatos são os dados do mundo; as Teorias são explanações propostas a interpretar e a coordenar os fatos." O fato da Evolução, a Teoria da Seleção Natural. E continua... "O fato da evolução é estabelecido como qualquer coisa na ciência (tão seguro quanto a volta da Terra em torno do Sol), embora a certeza absoluta não tenha nenhum lugar em nosso léxico. As Teorias, ou as indicações sobre as causas das mudanças evolucionárias documentadas, realizam-se agora em um período do debate intenso - uma boa marca da Ciência em seu estado mais saudável. Os Fatos não desaparecem quando os cientistas debatem as Teorias."





Bhaskar, R. General Introduction, em M. Archer et al, Critical Realism: Essential Readings. London/New York, Routledge, 1998.

Gould, S. J. Darwinism defined , the difference between fact and theory Discover, January 1987: 64-70.

Hey, J.; Fitch, W. M.; Ayala , F. J. Systematics and the Origin of Species: On Ernst Mayr's 100th Anniversary National Academy of Sciences, 2005.

Rieppel, O. The philosophy of total evidence and its relevance for phylogenetic inference. Papéis Avulsos Zoologia 2005, 45:1-31.

Monday, July 30, 2007

Palavra de Especialista

A MONTANHA DE CONCHAS DE LEONARDO DA VINCI


POR ÁTILA OLIVEIRA


Leonardo Da Vinci foi um daqueles raríssimos indivíduos que podem ser chamados de gênio sem parecer um exagero. Infelizmente, a exposição que aborda a vida e obra deste grande gênio na Oca, em São Paulo, chega ao fim no próximo dia 29. É cara, mas vale a visita. Competente pintor, desenhista, escultor, poeta, músico (compunha, cantava e tocava instrumentos), filósofo, anatomista, naturalista, engenheiro, matemático, físico e arquiteto; realizou obras tão grandiosas quanto belas e teve idéias que produziram anotações que antecipavam um futuro que muitos outros renascentistas consideravam impossível.

Minha formação e preferências pessoais não me permitem avaliar a obra artística de Leonardo; sou mais um apreciador das anotações e trabalhos científicos dele. Além de estudos super detalhados sobre anatomia (com o principal intuito de tornar suas obras de arte o mais realista possível), baseado principalmente na dissecação de cadáveres (algo ainda mal visto no séc XVI), e na observação minuciosa de animais e plantas; Leonardo Da Vinci antecipou equipamentos como o para-quedas, a bicicleta, a máquina à vapor e o helicóptero. E se espantava com o fato de alguns médicos da sua época pretenderem curar doenças sem conhecer a fundo a anatomia humana.

Sim, o título deste meu texto é uma clara referência ao último livro do paleontólogo de Harvard, Stephen Jay Gould (1941-2002). Como já se tornara marca registrada em sua obra, ele analisa com muito bom humor nesse volume, em uma coletânea de ensaios, vários fatos interessantes envolvendo a evolução das espécies. Quem já leu esse livro sabe que a maioria dos ensaios discorre especificamente sobre como a contingência histórica e a fé pessoal de alguns pesquisadores levaram-nos muitas vezes a conclusões equivocadas, ao longo da história da ciência. Dentre os fatos relatados, ganha especial destaque o estudo de Leonardo Da Vinci sobre conchas marinhas fósseis.

E é justamente esta contingência histórica que pretendo abordar aqui hoje. O texto a seguir, extraído de documentos da imprensa da época e publicado no Brasil numa biografia de Da Vinci elaborada pela editora Martin Claret, retrata o episódio chave desses estudos. Percebe-se no mesmo que Leonardo era de fato um indivíduo muito a frente de seu tempo. E não raras vezes era por isso mesmo incompreendido. Não era apenas alguém criativo, perceptivo e brilhante, como também alguém com uma "sede" insaciável de compreender o mundo que o rodeava, não se contentando com afirmações do tipo "porque é assim e ponto final". Ele queria compreender COMO e POR QUE as coisas são como são. Ele não se contentava com respostas prontas ou ausência de respostas. Ele queria VER. Queria ENTENDER.

Leonardo Da Vinci fazia uso do empirismo científico para conseguir suas respostas. A maior parte do grande público só conhece o Da Vinci artista. Infelizmente, muitos desconhecem o fato de que a sua forma de analisar o mundo foi de grande contribuição para a evolução da ciência. Por meio dos seus estudos, ele percebeu que o mundo nem sempre foi como é hoje, o que o levou a indagar-se se as formas de vida também não estariam se alterando desde o inicio das mesmas na Terra. Pois é, Leonardo Da Vinci já havia percebido a evolução biológica, muito embora não tivesse dado a ela este nome na época e nem tenha se empenhado (ou não tivesse tido tempo, tendo em vista suas múltiplas tarefas) em estudá-la mais a fundo.

É bem verdade que tal metodologia não era necessariamente uma novidade na época, mas também é verdade que os denominados líderes da ciência do Renascimento aceitavam-na com ressalvas. Isso ocorria devido ao dogmatismo então presente, que fica evidente no narrativa que se segue.

Moluscos bivalves fósseis (gênero Spondilus), do período cretáceo (100 milhões de anos), encontrados na Itália.

Em Milão, na corte de Ludovico, o Mouro, realiza-se o segundo Duelo do Saber; cujos participantes são doutores, deões e professores da Universidade de Pavia.
Por solicitação do próprio duque, Leonardo Da Vinci participa do torneio depois de concluir: "Se eu não ceder, talvez fique zangado; falarei sobre o primeiro assunto que me vier á cabeça."
Sobe à cátedra e fala:
- Devo prevenir-vos de antemão que isto me acometeu inesperadamente... foi uma surpresa... Bem, falarei sobre conchas marinhas.
E começou:
- Estou persuadido de que o estudo dos animais e plantas petrificados, que até aqui foi desprezado pelos homens da ciência, constituirá o começo de uma nova ciência da terra, do seu passado e do seu futuro.
- A informação que acabais de nos fornecer - observou o reitor da Universidade de Pavia, Gabriele Pirovano - é deveras curiosa. Mas permitir-me-ei uma observação: não é mais simples explicar a origem dessas pequenas conchas por uma acidental, divertida e inocente brincadeira da natureza; sobre a qual pretendeis edificar uma nova ciência? Não é muito mais simples explicar a sua origem como tem sido feito até agora pelo Dilúvio Universal?
- Sim, sim, o Dilúvio! - observou Leonardo - Sei que atribuem isso ao Dilúvio. Só que essa explicação não se mantém de pé... Julgai por vós mesmos: o nível da água durante o Dilúvio, de acordo com aquele que o mediu, foi de dez côvados acima das montanhas mais altas. Conseqüentemente, as conchas levadas pelas ondas tempestuosas, deveriam ter caído no cimo, inevitavelmente no cimo, mas não nos lados, nem ao pé das montanhas, e muito menos dentro de cavernas subterrâneas. Além disso, teriam caído em desordem, ao capricho das ondas, mas não, como sempre, no mesmo nível; nem em camadas sobrepostas, como são encontradas. Basta que observeis - e isso é realmente curioso - que os animais que vivem em colônias, tais como os moluscos, as cibas e as ostras, permanecem unidos, como deveriam, ao passo que os de hábitos solitários, ficam à parte, tal como podemos ver ainda hoje nas praias. Tenho freqüentemente observado a disposição das conchas petrificadas na Toscana, Lombardia e Piemonte. Mas se disserdes que não são levadas para lá pela maré, mas que subiram por si próprias, pouco a pouco, com a água, acompanhando a elevação dela, ainda assim essa vossa objeção é facilmente refutável, pois o marisco é um animal tão lento como o caramujo, ou até mais. Não nada, apenas se arrasta sobre a areia e as pedras pelo movimento das suas válvulas, e a maior distância que pode percorrer durante um dia inteiro é de três ou quatro varas. Como, pois, se tiverdes a bondade de explicar-me, Messer Gabriele, podeis conceber que, durante os quarenta dias que o dilúvio durou, segundo o testemunho de Moisés, pode ter-se arrastado esse molusco duzentos e cinqüenta milhas, que é a distância a separar Monferrato das praias do Adriático? Somente os que, desprezando a experiência e a observação, julgam a natureza pelos livros, de acordo com os conceitos dos mercadores de palavras, bem como os que jamais tiveram a curiosidade de olhar com os seus próprios olhos as coisas de que falam, ousarão fazer tal asserção!
Depois de um silêncio constrangedor, finalmente o astrólogo da corte, Messer Ambrogio da Rosate (antes da aceitação cabal das leis de Johannes Kepler e Isaac Newton, astronomia e astrologia eram estudas indefinidamente como uma única disciplina), propôs, citando Plínio, uma outra solução: as petrificações que teriam somente a aparência de animais marinhos, tinham sido deformadas, na profundeza da terra, pela ação mágica das estrelas.
- Mas então, Messer Ambrogio - retorquiu Leonardo - como explicais o fato de que a influência das mesmas estrelas, no mesmo lugar tenha criados animais não apenas de diferentes espécies, como também, de diferentes idades? Eu próprio descobri que, mediante secções transversais feitas em conchas, bem como em chifres de bois e carneiros e troncos de árvores decepados, é possível determinar com exatidão não somente os seus anos de vida, mas até mesmo os meses. Como explicaríeis o fato de se encontrarem algumas delas inteiras, outras quebradas, outras ainda, cheias de areia, lodo, pinças de caranguejos, ossos e dentes de peixes, e de grandes cascalhos, semelhantes aos que se encontram nas praias, formados de pequenas pedras arredondadas pelas ondas? E as delicadas marcas de folhas nos penhascos das mais altas montanhas? E as algas marinhas presas às conchas, ambas petrificadas, congeladas num único bloco? De onde vem tudo isso? Da influência das estrelas? Mas então, se raciocinarmos desse modo, suponho que não encontrareis em toda a natureza um único fenômeno que não possa ser explicado pela influência mágica das estrelas e, nesse caso, todas as ciências são inúteis, com exceção da astrologia...
O velho doutor em escolástica pediu a palavra e, quando lha concederam, observou que o assunto estava sendo tratado de maneira imprópria, pois apenas uma de duas coisas era possível: ou o problema dos animais das escavações pertencia ao conhecimento inferior, "mecânico", alheio á metafísica, caso em que nada havia a dizer-se do mesmo, já que não havia combinado discutir ali assuntos não relacionados com a filosofia; ou então o problema dizia respeito ao conhecimento verdadeiro e superior, a dialética, e nesse caso, deveria ser discutido de acordo com as leis da dialética, elevando os conceitos á pura contemplação mental.
- Sei de tudo isso - observou Leonardo Da Vinci - Também eu pensei muito sobre esse assunto. Só que tudo isso não é como afirmais... Penso que não há alto conhecimento nem conhecimento inferior, mas apenas um único conhecimento, decorrente da experimentação...
- Da experimentação? Ah, então é essa a vossa opinião? Bem, nesse caso, se me permitis, gostaria de perguntar-vos o que seria da metafísica de Aristóteles, Platão, Plotino... de todos os antigos filósofos que falaram sobre Deus, o espírito, as coisas essenciais... Será que tudo isso...
- Sim, nada disso é ciência - retorquiu, calmamente, Leonardo - Reconheço a grandeza dos antigos, mas não neste caso. Na ciência, tomaram o caminho errado. Queriam sondar o que é inacessível ao conhecimento, enquanto desdenhavam o que era acessível. Meteram-se a si próprio e aos outros, durante séculos, num beco sem saída. Porque os homens, quando tratam de assuntos que não podem ser provados, não conseguem nunca chegar a um acordo. Onde não há soluções sensatas, o lugar delas e tomado pela gritaria. Mas aquele que sabe não tem necessidade de gritar. A palavra da verdade é uma só, e quando é pronunciada, devem cessar os gritos dos que disputam. Se porém, os gritos continuam, é porque ainda não há a verdade.
Silenciado, percebeu seu isolamento em meio de toda aquela gente que se considerava servidora da ciência.

Átila Oliveira é biólogo, ambientalista e recentemente descobriu-se também um apreciador da arte.



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Saturday, July 28, 2007

Defendendo a Nomenclatura Científica

Em minha rotina diária de pesquisas, pude refletir um pouco, em algumas raras horas vagas (devido ao recesso da graduação) o quão incompetente é o desenho inteligente. Olhei em minha volta e, empiricamente, percebi o vôo desengonçado de algumas aves como a ema, o avestruz, a codorna, a galinha. A foca, o peixe-boi, o pinguim, seja na hidrosfera, ou na litosfera. Percebi a simplicidade dos marcadores, ao codificar e, conseqüentemente, dar subsídios a sistemática das espécies de mosquito existentes aqui em minha cidade, ver o grau de variabilidade das bases, explicitando algum polimorfismo relacionado a resistência biológica destes pequenos hematófagos, seja na fase de larva, de pupa, nos próprios ovos. Ontogenia enfaticamente: concreta, íntegra, completa!

Tudo bem explicado, bem modelado, dentro de um método objetivo, claro e conciso. Por mais que tenha palavras técnicas, o texto, para quem segue o estudo linha de pesquisa, é em explicativo devido a uma Introdução que resume o histórico da problemática, a uma Análise de Dados, ao Objeto ali presente, ao Método, a Conclusão sensata.

Quanto as espécies do desenho incompetente, tem uma base lógica na retórica, em silogismos baratos, senso-comum puro, bases exegéticas, o neocriacionismo camuflado.

Conhecer Biodiversidade é para poucos! Custa raciocinar que todas as espécies atuais são finais, nós remetem ao Finalismo, e os fósseis são todos transicionais. Custa estudar um livro qualquer de ensino médio, no assunto de zoologia, e perceber que as Amebas não são archaeanos e, portanto, não viemos delas, como muitos expõem.

Acho que só os biólogos, e aqueles que estudam realmente a vida, não limitando à humanos, com disciplinas como Filogenia, vão defender a origem da biodiversidade através de modelos altamente explicativos presentes em milhares de artigos científicos espalhados pelo mundo. Custa sentar um pouco, pesquisar, ler os artigos, refutar cada um deles, ao invés de ficar falando falácias mundo afora através de debates retóricos em Universidades.

Temos acabar com o merchandising de empresas de engenharia genética (p. ex. Jove) especializadas em diagnosticar a resistência de vetores de patologias tropicais, em suposições que permeiam ares de complexidade irredutível em alguns blogs XYZ por aí.

Devemos ser relativos quanto a tudo, olhar os múltiplos fatores, até nos apresentarem algo compreensível, didático, organizado, que mude nossas idéias e contrastem idéias passadas.

Por essas e por outras, defendemos o Estado laico, assim como fizeram na 59ª Reunião Anual da SBPC, há algumas semanas atrás:

SBPC apóia a posição do governo em defesa do Estado laico

Sunday, July 22, 2007

Defendendo a Nomenclatura Científica

Andam espalhando por aí que a evolução ontogenética segue mecanismos irredutivelmente complexos. E que a natureza, o acaso e a necessidade não seriam suficientes. (sic)

Os exegetas, apologetas, e IDiogetas têm criticado os neodarwinistas por não saberem com o que estão lidando. Assim como o neodarwinismo evolui, a biotecnologia também. O que eu quero passar com isso é que a evolução não é fixista, e a ciência não é absoluta, está claro?

Portanto, vamos a matéria:

Fruit fly research may 'clean up' conventional impressions of biology

High Precision Development

Um estudo mostra o desenvolvimento embrionário de Drosophilas, a metamorfose do desenvolvimento nas mosquinhas foi elucidado por uma equipe da Universidade de Princeton, os quais descobriram uma etapa chave na evolução ontogenética que pode mudar a visão de muitos cientistas sobre impressões singulares em diversas formas de vida.*

Assim como na algumas proteínas, estruturalmente primárias, precisam das chaperones para serem guiadas e obterem algumas funções, as células totipotentes precisam de algumas moléculas essenciais para o desenvolvimento embrionário equilibrado.

E foi isso que foi encontrado pelos cientistas da Universidade de Princeton, mostrando de onde são derivados os variados sistemas biológicos.

Foram acompanhados as primeiras horas de desenvolvimento do embrião das mosquinhas, e foi localizada uma proteína que tem um grande papel na divergência dos sistemas, chamada Bicoid, que lança sinais à grande célula multinucleada, o embrião, a qual se divide, e através desta divergência forma os sistemas.

Se você acha isto inteligente, eu também acho, explicando a natureza do evento. NÃO CRIANDO.

Aliás, isto é uma evolução ontogenética, nada de neodarwinismo aí, filogenia só em populações.
Apesar da ontogenia recapitular a filogenia, né Haeckel?

*Isto nos reinos animal e planta ou, logicamente, onde ocorrer reprodução sexuada.


Saturday, July 21, 2007

Palavra de Especialista

COMO LIDAR COM UM CÂNCER

David G. Borges

biólogo, graduando em filosofia

Não, não irei falar sobre oncologia hoje. Pelo menos não em sentido estrito. Falarei de um tipo “diferente” de câncer.

É opinião da maioria dos biólogos e demais cientistas sérios que o criacionismo não deva ser discutido. Alguns evitam tocar no assunto a todo custo, como se a mera menção da palavra fosse sujar seus currículos. Outros desprezam o tema com desdém por não o julgarem digno de nota. Há aqueles que permanecem em um profundo silêncio por ainda possuírem conflitos internos entre sua formação acadêmica e sua constituição cultural. Há ainda os que seguem certos cientistas de renome considerados “modelos de conduta”, como Stephen J. Gould (já falecido) e Richard Dawkins, que evitam discutir o tópico por acharem que isso dá visibilidade aos criacionistas. É até cômico que o primeiro seja praticamente santificado em alguns círculos de biólogos e o segundo sempre receba duras críticas por algumas de suas posições; no entanto, a postura de ambos em relação ao criacionismo é exatamente a mesma. Mas este não será o assunto deste ensaio.

Minha intenção aqui é chamar a atenção para o crescimento do criacionismo. Daí a comparação com um câncer – que nada mais é do que um punhado de células que crescem e se multiplicam de forma desenfreada.

Para analisar o crescimento do fenômeno é preciso analisar como ele cresce. Ao contrário do que muitos cientistas pensam, o criacionismo não é meramente a prevalência de uma visão mitológica da realidade. É mais complexo do que isso. O fenômeno está intimamente ligado à cultura religiosa de nossa sociedade. Mas para discutir temos de entender primeiro o que é o criacionismo.

Antes de qualquer coisa, criacionismo é diferente de deísmo*. O deísmo é a crença em alguma divindade ou ente transcendente qualquer, O que de forma alguma se opõe à evolução ou a qualquer outra teoria científica. O criacionismo é a crença de que as espécies existentes hoje na Terra não surgiram por processos naturais, e sim foram “criadas” por alguma força externa (daí a origem do termo). A maioria dos criacionistas adota o deus bíblico em suas mais variadas denominações como ente criador. Existem basicamente duas “vertentes” principais de criacionismo, apesar das inúmeras variações:

· Criacionistas defensores da literalidade bíblica: Assumem a narrativa do Gênesis como um relato literal da história do homem. Este é o ponto que gera o “conflito” com a biologia – o gênesis afirma que o homem foi feito a partir do barro e a mulher a partir de uma costela do primeiro homem. Adicionalmente, todos os animais e plantas teriam sido criados instantaneamente por um ato divino de vontade, exatamente da forma como são hoje. Biologicamente, todas estas proposições são falsas. Homens não surgem espontaneamente a partir do barro, nem mulheres de costelas. Os animais e plantas não possuem hoje a mesma estrutura que possuíam em épocas remotas, nem tampouco as espécies são imutáveis – o registro fóssil, a fisiologia, a anatomia comparada e a genética atestam isso. Seres vivos também não surgem instantaneamente de forma milagrosa, e ainda no século XIX Pasteur refutou este tipo de idéia com um experimento bastante simples. Dentre algumas das possíveis variações dessa “vertente”, podemos encontrar criacionistas que advogam que a idade da Terra é de 6.000 anos ou ainda aqueles que defendem ter ocorrido um dilúvio universal. Há os que afirmam que este dilúvio foi o responsável pela extinção dos dinossauros. Outros vão mais longe, e chegam a afirmar que o meteorito que causou a grande extinção do final do cretáceo era a “queda” de Lúcifer. Este é, de longe, o grupo mais “variado” de criacionistas – alguns defendem todas as idéias citadas (e muitas outras) ao mesmo tempo.

· Criacionistas defensores do “desenho inteligente”, “intelligent design”, “DI” ou “ID”: Não assumem o gênesis bíblico como um relato literal da história do homem, mas afirmam que um ente externo, o qual chamam de “desenhista”, “arquiteto” ou “projetista”, criou todas as espécies viventes, tendo-as planejado anteriormente. Assim, todas as estruturas biológicas existentes em todos os seres vivos foram planejadas, e obedecem a um fim. Isso contraria a biologia no sentido em que a evolução é um processo incerto, sem planejamento e não-teleológico (ou seja, não-orientado para uma “finalidade” – qualquer que seja ela). Esta proposição é facilmente refutada pela ecologia, pela etologia e pela anatomia (incluindo a anatomia comparada). O “desenho inteligente” se tornou famoso com William Paley em 1802, e Charles Darwin passa a maior parte de “A Origem Das Espécies” refutando esta idéia – ou seja, esta proposição já está “enterrada” há mais de 160 anos.

Uma das principais argumentações dos criacionistas é afirmar que a teoria da evolução é uma “passagem” para o ateísmo. Esta é a espinha dorsal do pensamento criacionista, e por isso precisa ser abordada em detalhes – mesmo que para isso seja necessário fugir um pouco do tema do ensaio.

Não há nenhuma relação entre uma coisa e outra. O mecanismo evolutivo (seja aquele descrito por Darwin ou qualquer outro) não “anula” de forma alguma a possível existência de uma ou mais divindades. As pessoas continuam livres para crer nos deuses que quiserem, desde que não misturem as bolas – é óbvio que uma divindade que faz pessoas surgirem de barro é uma idéia sem cabimento frente aos conhecimentos que possuímos hoje, mas quando se assume o texto bíblico como metáfora, a teodicéia está completa e a divindade “salva”. Mas é válido lembrar que a “contradição” NÃO ESTÁ nas ciências, e sim em se considerar um texto com milênios de idade, que já foi “editado” inúmeras vezes (igrejas incluem, retiram e modificam trechos a seu bel-prazer), com partes faltantes (alguns manuscritos se perderam com o tempo), que já foi traduzido inúmeras vezes (de uma tradução para a outra se perde muito em conteúdo) e de origem difusa (pois foi escrito em diversas línguas diferentes e muitos de seus autores permanecem desconhecidos, além de ter amalgamado a cultura de diversos povos diferentes – o próprio mito do dilúvio é de origem mesopotâmia) como verdade absoluta e imutável. Embora isso seja, NO MÍNIMO, falta de senso crítico, a cultura popular desestimula a reflexão a esse respeito – analisar criticamente a bíblia é tido como equivalente a questionar a própria divindade. E questionar a divindade é “errado”. Embora esta argumentação – de que reinterpretar as escrituras é algo “perigoso” por poder levar ao ateísmo – ser um imenso preconceito com os ateus e também configure uma falha absurda de raciocínio, passarei por cima deste assunto para não fugir mais ao tema do ensaio.

Resumindo: o problema dos criacionistas não é com a evolução em si, mas com o naturalismo presente nas ciências. Por algum motivo, os incomoda o fato das ciências não falarem sobre a divindade deles e de não confirmarem a sua existência ou sua suposta grandiosidade. Os incomoda não encontrar “confirmação” para as suas crenças nas ciências. O interessante é que nunca vi um hindu, shintoísta ou yorubá incomodado com isso. Isso é exclusividade de alguns cristãos, para quem crer não é o suficiente para crer.

Voltando ao assunto inicial, ENQUANTO A SOCIEDADE NÃO PERMITIR QUE CERTOS DOGMAS SEJAM QUESTIONADOS, O CRIACIONISMO CONTINUARÁ CRESCENDO. Por mais ilógica e sem fundamento que seja a postura criacionista, só é possível perceber isso com questionamentos e raciocínio crítico. É necessário questionar se o texto bíblico é literal ou uma metáfora. É necessário questionar a autoridade do clero, questionar se eles sabem do que estão falando ou não. É necessário questionar se TUDO o que está escrito na bíblia é verdadeiro; questionar qual o grau de confiabilidade e precisão do que está naquelas linhas. Em outras palavras: é necessário questionar se a bíblia foi “mandada via fax diretamente do céu” ou se foi escrita por homens – que, como todos os demais homens, podem errar. E isto não vale somente para a bíblia; o mesmo se aplica a qualquer “livro sagrado” – seja o corão ou o “livro dos espíritos” de Allan Kardec.

A nossa sociedade é extremamente conservadora no que se refere à religião, e não permite que estes questionamentos sejam feitos. Fazê-los é “errado”. É feio. Deus não gosta. E o seu vizinho também não.

É a partir desse conservadorismo que o criacionismo cresce. Faz-se DE TUDO para não se questionar qualquer coisa que seja remotamente relacionada à religião. E sempre que alguém é questionado, invoca a liberdade de crença como salvaguarda. Liberdade de crença não é a mesma coisa que obrigatoriedade de dogmatismo ou obrigatoriedade de se furtar ao debate. As religiões, como qualquer outra atividade humana, podem e DEVEM ser questionadas.

Exemplos de como esse conservadorismo tacanho facilita o crescimento do criacionismo são inúmeros e podem ser encontrados com facilidade. Recentemente narrei em um ensaio anterior neste mesmo blog uma experiência que tive com um professor que aparentava sequer saber o que era criacionismo, mas defendia a idéia. Há pouco tempo a revista superinteressante burramente publicou uma matéria afirmando que Darwin havia “matado” deus. Embora a revista já publique matérias ruins há anos e o público que entende alguma coisa sobre ciências não a leve muito a sério, este foi um erro gravíssimo – não só pelo mal-exercício da profissão por parte do autor e do editor, que obviamente não estudaram o suficiente sobre o assunto, como pela negligência da editora em não manter um consultor científico em uma revista que pretende abordar temas das mais diversas áreas e é conhecida por cometer erros grosseiros. O que ocorreu em seguida foi um “efeito bola de neve”: a matéria gerou uma reação no “observatório de imprensa”, com a publicação de um texto de cunho criacionista que utilizou o que estava escrito na Super como trampolim para criticar a teoria da evolução. Quem leu o texto e está inteirado sobre a “polêmica” criacionista certamente se perguntou: como pode o observatório de imprensa (que pretende ser sério) publicar aquele tipo de artigo? Quase um mês depois outro ensaio, desta vez criticando não só a revista como o autor do primeiro texto, foi publicado. Mas a esta altura o estrago já estava feito.

Outro exemplo recente: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul ministrou um curso de extensão intitulado “A Prova Científica da Existência de Deus”. Não só é impossível obter “prova científica da existência de deus” (qualquer curioso que entenda um mínimo de filosofia da ciência sabe disso), como o próprio nome dado ao curso já demonstra sensacionalismo barato. O pior é que a Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade Federal de Sergipe também se envolveram nisso. E o leigo que vê esse tipo de coisa escrita na internet ou em qualquer outro lugar passa a achar que existe alguma prova CIENTÍFICA da existência da divindade judaico-cristã...

A infiltração de criacionistas em universidades não é novidade. O Sr. Adauto Lourenço, freqüentemente citado como um “cientista criacionista” apesar de seu currículo obscuro, já começou a dar suas “palestras” em faculdades pelo Brasil afora – no início ele se restringia apenas aos templos. É válido lembrar que este senhor é um criacionista “terra jovem” – daqueles que defendem que o planeta tem apenas 6.000 anos e que o homem já conviveu com dinossauros, tendo estes animais perecido no dilúvio de Noé.

A Sociedade Criacionista Brasileira tem em seu site instruções para a montagem de um “centro escolar criacionista”, ou seja, uma escola de doutrinação religiosa. Essa mesma organização já apoiou a criação de um curso de PÓS-GRADUAÇÃO intitulado “estudos em criacionismo”, ministrado pela UNASP (uma faculdade adventista de São Paulo). No Rio de Janeiro o governo estadual já tentou inserir o criacionismo nos currículos escolares.

Em virtude do enorme crescimento do criacionismo e da “talibanização” religiosa no país (não apenas evangélica), será que realmente vale a pena ignorar o assunto? Arrisco especular que, neste ritmo, em breve não existirão mais liberdades individuais neste país – viveremos em uma teocracia. A liberdade de cátedra provavelmente será a primeira a ser atacada.

A pergunta-chave é: quando um câncer começa a crescer no corpo de alguém, a melhor forma de lidar com ele é ignorá-lo ou tratá-lo?

Eu prefiro a radioterapia.


* Não confundir teísmo com deísmo.

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Friday, July 20, 2007

Notícias

Olá caros leitores! Esta é a 50º postagem deste blog! Obrigado pelo apoio e por acompanharem nosso trabalho. Continuemos na luta contra a pseudo-ciência.

Abraços,

Equipe LinhaEvo

Estudo mostra pré-história similar a "Jurassic Park"


Como na série cinematográfica Jurassic Park, os dinossauros conviveram durante milhões de anos com outros animais antes de se transformarem nos donos do planeta, segundo revelou um estudo divulgado hoje pela revista Science.

O estudo realizado por paleontólogos da Universidade da Califórnia, pelo Museu Nacional de História Natural e pelo Museu Field, joga por terra a teoria de que a ascensão dos dinossauros foi violenta.

Segundo os cientistas, fósseis descobertos em uma pedreira do norte do Estado americano do Novo México demonstram pela primeira vez a convivência entre os enormes animais já extintos, muitos dos quais pareciam mais frágeis, e acabaram sobrevivendo.

Os dinossauros e muitos outros animais, incluindo mamíferos, répteis e anfíbios, surgiram no período Triásico, há entre 235 e 200 milhões de anos.

No entanto, foi apenas no período Jurássico, há entre 200 e 120 milhões de anos, que os dinossauros estabeleceram seu domínio sobre o planeta.

"Até agora, os paleontólogos pensavam que os precursores haviam desaparecido antes do surgimento dos dinossauros", afirma Kevin Padian, professor de biologia da Universidade da Califórnia.

Outra teoria assinala que a rápida extinção de muitos animais no final do Triásico permitiu que os dinossauros se diversificassem, e se tornassem os habitantes predominantes do planeta.

"Mas agora, as evidências demonstram que é possível que tenham coexistido durante 15 ou 20 milhões de anos, ou mais", acrescentou.

Segundo Randall Irmis e Sterling Nesbitt, autores do estudo, os ossos descobertos no Novo México proporcionam informações anatômicas que revelam a evolução dos precursores dos dinossauros, sua conversão em dinossauros e a diversificação destes animais. Nenhum desses restos é um esqueleto completo.

A descoberta de restos de precursores dos dinossauros (dinosauromorfos), junto com os de dinossauros, nos ensina o ritmo da mudança. Se houve uma competição entre estes precursores e os dinossauros, esta foi muito prolongada", assinala Irmis.

Na pedreira, Irmis e Nesbitt encontraram 1.300 espécimes fósseis de dinossauros e precursores destes animais, assim como ossos de ancestrais dos atuais crocodilos.

Também havia fósseis de peixes e anfíbios que existiram há entre 220 e 210 milhões de anos
p> Além disso, o relatório publicado pela Science indica que os paleontólogos também encontraram restos de carnívoros como o Chindesauro bryansmalli e um parente próximo do Coelophysis.

Ambos os animais eram bípedes, e muito similares ao Velociraptor que aparece em Jurassic Park.

O primeiro precursor de dinossauros encontrado na pedreira foi o "Dromomeron romeri", um parente próximo de outro precedente chamado Lagerpeton, que existiu no Triásico médio, no território que hoje pertence à Argentina.

Fonte

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Thursday, July 19, 2007

Defendendo a Nomenclatura Científica

Deus como Designer.

Behe nos presenteia, embora presente de grego, com o livro The Edge of Evolution: The Search for the Limits of Darwinism. Nele podemos encontrar as exegeses de Behe sobre os limites do darwinismo, onde ele se retrata quanto ao livro anterior onde os criacionistas, e não Distas, utilizam em larga escala para argumentar a existência de um Deus inteligente, o Engenheiro do Universo.

Desde o primeiro livro, A Caixa Preta de Darwin, Behe tem dado a noção de que os sistemas bioquímicos são irredutivelmente complexos, e não podem evoluir pelos mecanismos darwinistas. De acordo com Behe, a construção de boa parte das estruturas biológicas não são aleatórias, e sim dirigidas por algum designer. Um Deus engenheiro genético.

Behe, erra descaradamente em vários argumentos relativos a evolução do gene, como ele e as proteínas evoluem, sem contar em inúmeras experiências empíricas não citadas em seu primeiro livro. Podemos inferir sobre algumas delas aqui, em boas demonstrações científicas.

Segundo Carrol, S. B. na seção Evolution da revista Science de 8 de junho de 2007, Behe permite, somente que: “raramente, há uma inserção na seqüência genética produzindo boas condições de sobrevivência para o organismo”, e Carrol continua a intervenção onde as inserções mutacionais acontecem diariamente podendo ser consideradas as matérias evolutivas em maior constância. Exemplos de cumulação seletiva estão em múltiplos locais na evolução de proteínas, como na resistência das cobras à Tetradoxina, no ajuste da visão colorida dos animais, na resistência das bactérias ao antibiótico Cefatoxima e resistência ao Pirimetamina em parasitas da malária, dada através de uma omissão extensiva de Behe de resistência aos fármacos.

Uma visão totalmente qualitativa, em termos quantitativos, em relação às taxas e ao espectro de afinidades, nada. Não seguindo o trajeto real da mutação que as proteínas seguem em suas evoluções para novas propriedades.

A falta da visão quantitativa faz com que um segundo erro apareça, sobre as interações entre as proteínas. O autor argumenta que uma geração de novas proteínas não podem evoluir por serem extremamente improváveis e, que a complexidade de três únicas proteínas são “além do limite da evolução”. Esquecendo de todo mecanismo de interação das proteínas, onde há um imenso número de experiências que comandam a reversibilidade e estabilizam a rede protéica, refutam os argumentos retrógrados deste autor.

Behe vai continuar ignorando esses estudos ou, mais a frente irá se retratar ante a sociedade? No livro da Caixa Preta continua argumentando a ausência de fósseis transicionais de baleias, descaradamente omitindo vários fósseis encontrados nestes últimos anos, veja mais a frente a afirmação no novo livro "The Edge of Evolution", onde Behe se retrata quanto aos fósseis. (M. J. Behe, in Darwinism, Science or Philosophy?, J. Buell, V. Hearn, Eds. (Foundation for Thought and Ethics, Richardson, TX, 1994), pp. 60–71.).

Quanto aos fármacos Behe não tem nada a citar, e quanto as patologias? Behe não vai questionar a bondade, moralidade e onipotência do Designer, quanto a varíola, a malária e outras?

O neodarwinista Jerry Coyne da Universidade de Chicago, analisou o livro em um artigo intitulado The Great Mutator, e o parágrafo conclusivo resume bem a crítica:

“Por fim, The Edge of Evolution não é um avanço ou refinamento da T.D.I., mas um recuo de suas argumentações originais - um desesperado ato designado para manter credibilidade no mundo do progresso científico. Mas é tudo pra nada, porque na nova teoria de Behe permanece a mesma mistura velha da ciência inoperante e da fina teologia disfarçada. Não há nenhuma evidência para sua argumentação principal de mutação não aleatória, e os cientistas têm evidências em abundância de encontro a ela. Seus argumentos dos organismos complexos contra a evolução darwinista são ruins e enganadores. E não há uma pequena evidência que suporte sua argumentação na qual o objetivo da evolução é vida inteligente. Em contraste a festa de evidências que sustentam a Teoria da Evolução, Behe dá-nos uma hipótese vazia.”

Coyne termina a apreciação com uma citação de Darwin:

“A ignorância gera confiança mais frequentemente que o conhecimento; são aqueles que sabem pouco e não aqueles que sabem muito que asseguram que este ou aquele problema nunca serão resolvidos pela ciência.”

Houve outra crítica bastante relevante do cientista da computação e engenheiro de software do Google, Mark Chu-Caroll, sem contar na resenha negativa da Nature, e das extensas críticas do biólogo evolucionário PZ Myers.

Mark Chu-Carroll possui experiência no uso de algoritmos genéticos e destaca erros grosseiros nas premissas que Behe utiliza para as fitness landscapes que serviram de base para os cálculos probabilísticos do livro, ou seja ele tentou se aventurar de forma muito infeliz em computação evolucionária e atingiu certos resultados probabilísticos nem um pouco realistas.

O livro Evolução (págs 285-287) de Mark Ridley refuta os argumentos de Behe baseados nas raras mutações benéficas para os organismos, tendo que ser mutações dirigidas e não aleatórias:

“Todas as teorias sobre mutações dirigidas ou planejadas têm o mesmo problema. Para que uma teoria de mutação dirigida possa ser uma alternativa verdadeira à seleção natural, ela precisa oferecer um mecanismo de mudança adaptativa que não se baseie fundamentalmente na seleção natural para proporcionar a informação adaptativa. A maioria das alternativas à seleção natural não explica a adaptação. Por exemplo, no início do século XX alguns paleontólogos, como Osborn, impressionaram-se com o direcionamento do documento fóssil. Os titanotérios são um exemplo clássico. Eles são um grupo extinto de perissodátilos (a ordem dos mamíferos que inclui os cavalos) do Eoceno e do Oligoceno. Em várias linhagens, as formas mais antigas não tinham chifres, enquanto as mais recentes os tinham desenvolvido. Osborn e outros acreditavam que a tendência era ortogenética : isto é, não surgiram devido à seleção natural entre mutações ao acaso, mas porque os titanotérios estavam mutando na direção da tendência.


A mutação dirigida poderia explicar uma tendência adaptativa indiferente e simples. Se um titanotério estivesse igualmente bem-adaptado, qualquer que fosse o tamanho de seus chifres, uma tendência dirigida a chifres são maiores bem que poderia originar-se por mutação dirigida. Na verdade, supõe-se que os chifres são adaptativos, e isso torna a mutação dirigida uma explicação implausível. A mutação é aleatória em relação. Se a mutação é dirigida, é de forma não adaptativa. Desse modo, se alguém explica uma tendência por ontogênese (ou mutação dirigida), podemos perguntar como as mutações “ortogenéticas” poderiam continuar a ocorrer na direção de um melhoramento adaptativo. Se a resposta for que a variação simplesmente é daquele jeito, então a adaptação está sendo explicada por acaso – e, quase por definição, o acaso, por si só, não consegue explicar a adaptação.

Essa objeção nem é tão rigorosa assim para os chifres de titanotério porque sua função adaptativa é pouco conhecida. As tendências podem ter-se tornado possíveis por simples aumentos de tamanho. Entretanto, para outras tendências conhecidas no documentário fóssil, tais como a evolução dos mamíferos a partir de répteis semelhantes a mamíferos, a objeção é muito mais poderosa. Os mamíferos evoluíram ao longo de cerca de 100 milhões de anos, durante os quais ocorreram mudanças nos dentes, nas mandíbulas, na locomoção e na fisiologia. Quase todas as características dos animais foram alteradas de forma integrada. Seria altamente improvável que a mutação dirigida, sozinha, fosse capaz de direcionar uma tendência adaptativa complexa e com múltiplas características desse tipo. Sozinho, um processo aleatório não explica a adaptação. Por essa razão, do mesmo modo que o lamarckismo, a mutação dirigida, por si só, está descartada como explicação para a adaptação.”

Em conclusão, pode-se usar uma forte argumentação de que a seleção natural é a única teoria atualmente disponível para a adaptação. As alternativas baseiam-se no acaso, em que causas não cientificas e em processos que, de fato, não funcionam ou não são explicativas.”

Enfim, ponto para os neodarwinistas! Em seu último livro, Behe afirma, sem dúvidas, que a ancestralidade comum universal é um fato, e os seus argumentos probabilísticos exigem uma cronologia geológica e sistemática filogenética para a Terra, algo que ele esqueceu no primeiro livro.

Abaixo o neocriacionismo disfarçado.

Tuesday, July 17, 2007

Pitacos Renânicos

A Questão das Aspas

Renan B. Fernandes

Quem leu um dos meus artigos passados, “Em defesa do Equilíbrio”, não pôde deixar de notar o uso de aspas sempre que me referia a “criacionistas” e “evolucionistas”. Vou aproveitar para escrever um artigo explicando algumas coisas sobre ciência.

O uso de aspas, nesse caso, se deve ao fato do uso constante de uma terminologia errônea. Não vou entrar no mérito do evolucionismo nas Ciências, vou me atendo-me ao evolucionismo que tratamos aqui.

Em Ciência, essencialmente, não se crê (na verdade, se crê, mas trataremos disso mais adiante). Quando uma teoria é estabelecida como CIENTÍFICA, porque foi construída através de método reconhecidamente científico, ou você a entende e aceita, ou você não a entende. (Outra opção é entender e não aceitar, denunciando uma falha de experimento, de construção da explicação, ou qualquer outro problema metodológico) No caso da Teoria da Evolução, ela possui o status de teoria científica, como muito já foi discutido, pois a hipótese foi comprovada pelo método científico e, até o momento, só tem sido corroborada. Apesar de a TE está solidamente construída, ela pode vir a ser substituída por um modelo mais adequado, melhorado, de acordo com novas evidências. Não devemos divinizar uma teoria.

Epistemologicamente falando, não existem evolucionistas. Existem cientistas que, atualmente, considerando todo o embasamento teórico e a corroboração constante, aceitam a Teoria da Evolução como a melhor explicação possível para justificar as múltiplas formas de vida atualmente existentes e a sua trajetória, expressa nos fósseis. Esse é um ponto importante. Quando, mais acima, falei que existe crença, é aqui. O Cientista é um profissional que crê que uma associação pertinente entre racionalização e experimentos pode explicar melhor os fenômenos naturais, sem qualquer necessidade de explicação não fundamentada na associação desses pressupostos, bem expressos na Metologia Científica. Simples. É por isso que, apesar de possível, ninguém fica chamando quem aceita a gravidade de gravitacionista. Simplesmente não há por quê.

Como o cientista é levado, através dos resultados do método científico, a aceitar a teoria, ele também tem de desacreditar dessa teoria caso os fatos apontem para o outro lado. Não pode haver paixão por uma idéia, pois se houver paixão, o cientista não poderá aceitar que o que defendeu durante toda a vida estava errado. E a história da ciência é repleta de exemplos de cientistas que, abrindo mão dos princípios de imparcialidade, neutralidade e objetividade, passaram suas vidas defendendo não mais teorias científicas, mas sim suas teorias, mesmo com o avolumar de evidências contrárias, porque as colocaram num patamar acima da própria ciência. É por isso que, sintetizando, para tudo aquilo que para o que a Ciência apontar, o Cientista deve sempre confiar desconfiando, e desconfiar confiando. No momento, confiamos na TE, mas nunca podemos deixar de desconfiar dela. É assim que o conhecimento evolui.

Abrindo parênteses para evitar que os “criacionistas” se aproveitem do que falei. Apesar de ter dito para sempre desconfiarmos dela, isso não significa necessariamente que ela esteja em desacordo com as evidências. São coisas completamente distintas. Isso não quer dizer, muito menos, que o criacionismo possa se afirmar como ciência, pois não passa de mito, como já foi demonstrado inúmeras vezes. “Criacionistas”, não façam miscelânea.

Então, se não podemos falar em “evolucionistas” e “criacionistas”, como nomear aqueles que não aceitam a Teoria da Evolução das Espécies? Não precisa rotular ninguém, pois pessoa alguma é obrigada a aceitar uma idéia, mesmo essa idéia sendo comprovada. Eles simplesmente não a aceitam por motivos que variam desde ignorância até charlatanismo. Dando nomes a eles, apenas estamos aumentando sua importância indevida, pois, nesse caso, eles questionam o vazio.

Atualmente há ainda os que acreditam que a Terra é o centro do Universo. Lá pelos idos do ano 2507, um ou outro ainda vai duvidar da Teoria da Evolução.

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Monday, July 16, 2007

Notícias - A negritude dos europeu

Novas pesquisas genéticas estimam que a cor branca apareceu na Europa entre 6 mil e 12 mil anos atrás

Nossos ancestrais europeus foram negros durante dezenas de milhares de anos. Essa hipótese foi formulada 30 anos atrás por um dos maiores geneticistas do século XX, Luca Cavalli-Sforza, depois de conduzir estudos genéticos em centenas de grupos étnicos ao redor do mundo.

Para enunciá-la, Cavalli-Sforza partiu de evidências genéticas e paleontológicas sugestivas de que nossos ancestrais devem ter chegado ao Norte da Europa há cerca de 40 mil anos, depois de passar 5 milhões de anos no berço africano.

Esses primeiros imigrantes eram nômades, caçadores, coletores, pescadores e pastores que se alimentavam predominantemente de carne. Dessa fonte, os primeiros europeus absorviam a vitamina D, imprescindível para a absorção de cálcio no intestino e a boa formação dos ossos.

Nos últimos 6 mil anos, quando a agricultura se disseminou pelo continente, fixou o homem à terra e criou a possibilidade de estocar alimentos, a dieta européia sofreu mudanças radicais. A adoção de uma dieta mais vegetariana trouxe vantagens nutricionais, menor dependência da imprevisibilidade da caça e da pesca, aumentou a probabilidade de sobrevivência da prole, mas reduziu o acesso às fontes naturais de vitamina D.

Para garantir que o metabolismo de cálcio continuasse a suprir as exigências do esqueleto, surgiu a necessidade de produzir vitamina D por meio de um mecanismo alternativo: a síntese na pele mediada pela absorção das radiações ultravioleta da luz solar.

De um lado, a pele negra incapaz de absorver os raios ultravioleta na intensidade que o faz a pele branca; de outro, as baixas temperaturas características do Norte da Europa, que obrigaram os recém-saídos da África tropical a usar roupas que deixavam expostas apenas as mãos e o rosto, criaram forças seletivas para privilegiar mulheres e homens de pele mais clara.

Num mundo de gente agasalhada dos pés à cabeça, iluminado por raios solares anêmicos, levaram vantagem na seleção natural os europeus portadores de genes que lhes conferiam concentrações mais baixas de melanina na pele.

As previsões de Cavalli-Sforza enunciadas numa época em que a genética não dispunha das ferramentas atuais, acabam de ser confirmadas por uma série de pesquisas.

No ano passado, ocorreu o maior avanço nessa área: a descoberta de que um gene, batizado de SLC24A5, talvez fosse o responsável pelo aparecimento da pele branca dos europeus, mas não dos asiáticos.

Em outubro de 2005, o grupo de Keith Cheng, da Pennsylvania State University, publicou na revista Science um estudo demonstrando que existem duas variantes desse gene (dois alelos). Dos 120 europeus estudados, 98% apresentavam um dos alelos, enquanto o outro alelo estava presente em praticamente todos os africanos e asiáticos avaliados.

Trabalhos posteriores procuraram elucidar em que época essa mutação genética teria emergido entre os europeus.

Com emprego de técnicas de seqüenciamento de DNA, o gene SLC24A5 foi pesquisado em 41 europeus, africanos, asiáticos e indígenas americanos.

Pelo cálculo do número e da periodicidade com que ocorrem as mutações, os autores determinaram que os alelos responsáveis pelo clareamento da pele foram fixados nas populações européias há 18 mil anos.

No entanto, como a margem de erro nessas estimativas é grande, os autores também seqüenciaram outros genes localizados em áreas próximas do genoma. Esse refinamento da técnica permitiu estimar o aparecimento da cor branca da pele européia num período que vai de 6 mil a 12 mil anos.

Esses estudos têm duas implicações:

1) Demonstram que as estimativas de que os seres humanos modernos teriam aparecido há 45 mil anos e que não teriam mudado desde então estão ultrapassadas. Nossa espécie está em constante evolução.

2) Demonstram como são ridículas as teorias que atribuem superioridade à raça branca. De 5 milhões de anos, quando os primeiros hominídeos desceram das árvores nas savanas da África, a meros 6 mil a 12 mil anos, éramos todos negros.


Fonte

Friday, July 13, 2007

Notícias

Borboletas no Pacífico mostram rapidez da evolução

O dramático retorno de uma borboleta macho tropical, que havia praticamente desaparecido por causa de um parasita, mostra quão rápido a teoria da seleção natural pode funcionar na prática, disseram pesquisadores nesta quinta-feira.

No início de 2006, cientistas estudaram o número de um tipo de borboleta, a Blue Moon, na ilha de Savai''i, situada no Pacífico Sul. Na época, os machos representavam apenas 1% da população, mas no final do mesmo ano o número tinha subido para 40%.

Os pesquisadores acreditam que o aumento se deve à proliferação de "supressores" de genes de uma bactéria que é transmitida da mãe para suas crias e mata somente os embriões machos antes de seu nascimento.

"Esta é a mudança evolutiva mais rápida que já se observou", disse Sylvain Charlat, autor de um estudo e de uma tese de pós-doutorado sobre o tema na Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Para Charlat, o estudo mostra que, como neste caso, quando a população experimenta pressões seletivas muito intensas, a evolução age muito rápido.

"Geralmente, pensamos na seleção natural como um processo que atua lentamente, em centenas ou milhares de anos, mas este estudo mostra que passou em um piscar de olhos em termos evolutivos", acrescentou Gregory Hurst, autor de uma investigação sobre genética evolutiva na Universidade College, em Londres.

Tirado daqui

Thursday, July 12, 2007

Defendendo a Nomenclatura Científica

Diferenças Relativas, como o próprio título do texto explicita; as diferenças entre os chimpanzés e humanos podem ser bem maiores. O mito do 1% desqualifica a evolução humana? Enfim, vamos às forras! Às forras subjetivas, a metafísica (?!)

Jon Cohen, News Focus on Evolutionary Biology, “Relative Differences: The Myth of 1%,” Science http://www.sciencemag.org/cgi/content/full/316/5833/1836 , 29 June 2007: Vol. 316. no. 5833, p. 1836, DOI: 10.1126/science.316.5833.1836.

Tudo começou em 1975, quando o biólogo Allan Wilson, e um de seus estudantes de graduação fizeram um argumento convincente sobre a diferença genética entre humanos e chimpanzés. Os próprios, posteriormente, viram que não era somente 1% de diferença, seja na regulação do gene, nas disparidades entre o nosso parentesco com os “chimpas”. E que a questão do 1% pode ser novamente retirada, de acordo com novos estudos.

As taxas genéticas mostraram que fatores podem explicar porque nós somos bípedes e temos um grande encéfalo, e porque os chimpanzés têm resistência para AIDS e raramente contraem a doença.

Os Pesquisadores descobriram que não há uma maneira de expressar as distâncias genéticas entre dois seres viventes, segundo Gagneux expôs. Segundo o artigo em sua totalidade, a argumentção se extende a pedaços de DNA ausentes, genes extras, variadas estruturas dos cromossomos (algo altamente subjetivo), conexões alteradas nas redes de genes, inserções e deleções, número de cópias de gene, genes coexpressados.

A pesquisa se deu através de um consórcio proposto em 2005 para analisar todas as substituições das bases. Ou seja, o subjetivo é amplamente utilizado neste artigo para atestar que os marcadores moleculares não são suficientes para a análise das diferenças entre os “chimpas” e os humanos.

Será que os pedaços de DNA ausentes, os genes extras, as variadas estruturas dos cromossomos (?), as conexões alteradas nas redes de genes, as inserções e deleções, as cópias do gene, os genes coexpressados, seguem a mesma estabilidade assim como os marcadores moleculares? Será que esses fatores subjetivos seguem estabilidade na evolução ontogenética em todos esses primatas?

Cohen reaça, esquentou a turminha dos desenhistas “inteligentes”, hein?

Outro amiguinho de Cohen, Matthew Haw, concluiu com seus estudos que através do número de cópias dos genes entre os humanos e “chimpas” tinham uma extrema diferença de 6,4%, não que os chimpanzés e humanos sempre diferem 6.4%, mas a instabilidade pode chegar aos 6.4%; Por falar em instabilidade, podemos citar novamente a estabilidade dos marcadores moleculares? Segundo o geneticista: “a duplicação e a perda de gene pode ter desempenhado um papel maior do que a substituição de nucleotídeos na evolução dos fenótipos exclusivamente humanos e certamente um papel muito maior do que tem sido amplamente apreciado.”

Cohen continua: “ Muitos, se não a maioria, dos 35 milhões de pares de base, 5 milhões deleções/inserções em cada espécie, e 689 genes extra nos seres humanos podem não ter nenhum significado funcional.” E mais a frente há uma citação de David Hausller, engenheiro biomolecular da UC Santa Cruz, realçando a importância dessas “diferenças”: “Jogar fora essas diferenças singulares que importam, de outras que não são realmente difíceis”.

  1. Os íntrons são protagonistas neste processo (?!)
  2. A Teoria do Neutralismo promovida por Kimura, e outros não é utilizada, ante as inúmeras substituições de pares de base sinônimos.
  3. Os Dois Bilhões, 690 Milhões de pares de base codificados não são significativos.
  4. Marcadores Moleculares não servem para nada, quer dizer, só em casos criminais, biologia forense e por isso a justiça é errada.

O que seria a percentagem precisa para Jon Cohen “O Sensacionalista”, 99,9%?

Inclua entre o chimpanzé, além dos próprios ancestrais dele, e os ancestrais hominidae: Sahelanthropus tchadensis, Orrorin tugenensis, Ardipithecus ramidus, Australopithecus anamensis, Australopithecus afarensis, Kenyanthropus platyops, Australopithecus africanus, Australopithecus garhi, Australopithecus aethiopicus, Australopithecus robustus, Australopithecus boisei, Homo habilis, Homo georgicus, Homo erectus, Homo ergaster, Homo antecessor, Homo heidelbergensis, Homo neanderthalensis, Homo floresiensis, Homo sapiens sapiens, coloque no círculo rosa, todas estas espécies:



Mesmo que Cohen esteja certo, os “chimpas” e os humanos ainda estão muito longe na árvore filogenética, sensacionalistamente colocada dessa forma no artigo, enganando a galera do desenho e pós-darwinistas amantes do fixismo. A Science iria mudar o nome da Seção Biologia Evolucionária, para Biologia do Puff.

Nem 90% da similaridade entre os humanos e os chimpanzés foram atacadas.

Enfim evos, podem ficar despreocupados quanto à alardes do tipo: Bomba! Bomba! Pois não passam de meros traques. Os desenhistas vão colocar a culpa agora na radiação da atmosfera primitiva na qual eram intensos os raios solares no período do Cambriano, e por isso as bases têm uma extrema variação, e por aí vai a exegese, é só esperar.


Wednesday, July 11, 2007

Pitacos Renânicos - Youtube

Aprendendo com os Baques

Renan B. Fernandes

O homem tem um quê de megalomania.

Adora se enxergar como o centro de tudo, o maior de todos, o ápice da criação. Porém, conforme o conhecimento científico avança, percebemos que o homem não é o centro de coisa alguma, a não ser de seu umbigo; não é rei da cocada preta. Ele é simplesmente uma parte ínfima de um Cosmos que ainda esconde grandes e numerosos segredos.

O primeiro grande baque que o homem sofreu foi com a teoria Heliocêntrica, onde a Terra perdeu o status de centro do Universo e, consequentemente, o ser humano também. E é por isso que as pessoas comuns demoraram para aceitar tal idéia. O estudo de História que temos na escola nos passa a idéia de que tudo ocorre do dia para a noite, mas não é assim. Uma idéia de tamanha relevância não é aceita rapidamente, nem poderíamos cobrar tamanha mudança ideológica da população em geral.

Mas mesmo não sendo mais o centro do universo, ainda éramos a imagem de Deus. Pelo menos isso. Por algum motivo não esclarecido, o criador resolveu nos colocar numa partezinha do Cosmos, mas ainda éramos sua criação especial.

Porém, o homem sentiu uma nova pancada que atingiu seu ego inflado. O segundo baque foi, certamente, com a Teoria da Evolução das Espécies, que colocou o ser humano no seu devido lugar dentro da natureza. A partir daí, percebemos que não éramos mais o ápice da criação, criados à imagem e semelhança de Deus. Somos simplesmente parte de uma natureza complexa. Não somos mais evoluídos que ser vivo algum, apenas conseguimos sobreviver dentro de nosso nicho, assim como a barata ou a raposa o faz.

Os principais opositores da Teoria da Evolução alegam que ela diminui a importância do homem, mas o que ocorre é justamente o contrário. Percebam que não há nada de mau nessa idéia. Colocar o homem como igual aos outros seres vivos na natureza engrandece nossa posição. Quando nos damos conta de que fazemos parte da natureza aqui e agora, nossa responsabilidade aumenta (e talvez seja isso que nos amedronta).

Quando pensamos que essa vida é passageira e que o reino do transcendente será nossa casa final, nossa realidade perde importância. Por isso, temos que perceber que somos parte da natureza; cuidemos, portanto, para que ela seja preservada. Como fazemos parte dela, e somos o que somos por causa dela, cabe a nós, dotados de consciência e razão, encontrar meios para preservá-la.

Assim como eu e você somos parte da natureza, cada ser humano também é. Logo, dentro de uma perspectiva natural, todos os homens são importantes. A sociedade é formada por vários seres humanos; logo, quando um deles é atingido, todo o resto será direta ou indiretamente. Além disso, cada vida é única. Cada ser humano é uma combinação genética única, resultado de um processo natural árduo. Cada vida é importante e pode ser perdida, portanto façamos de tudo para valorizá-la.

Caros leitores, o homem realmente sofreu fortes baques em seu ego. Porém, grandes baques engrandecem e nos fazem perceber nosso lugar nesse Universo imenso e misterioso. A perspectiva naturalista pode nos trazer muitos ensinamentos, ao contrário do que afirmam radicais religiosos. Cabe a cada um de nós aceitar a pancada em seu ego e aprender com isso.

E, para mostrar nosso tamanho no Universo e nos situar ainda mais em nosso lugar, um ótimo vídeo no youtube. Aproveitem!



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Monday, July 09, 2007

Linha Evo Links

Olá, caros leitores!

Hoje postamos um link muito útil. É um site que contem a árvore filogenética de todos os seres vivos. Realmente, muito bom!

Tree of Life


Aproveitem!

Saturday, July 07, 2007

Estréia - Youtube

Hoje, postagem dupla! Leiam também a postagem logo abaixo desta, "O trabalho completo de Charles Darwin"

Vamos inaugurar uma nova ferramenta para este blog, que é a postagem de vídeos do youtube. Como estréia, o clássico.



Divirtam-se!

O trabalho completo de Charles Darwin


Olá, caros leitores!

Após essa maré de textos de diversos especialistas, comentando vários assuntos diferentes, trouxemos um link para um site britânico que possui o maior acervo de escritos de Charles Darwin e sobre ele. Tem material à vontade! Inclusive o seu diário, onde pode ser conferida a parte de sua viagem onde ele passa pelo Brasil.

Em breve mais textos dos nossos colaboradores habituais e, também, algumas estréias no Blog!

Divirtam-se!

http://www.darwin-online.org.uk/

PS.: Se você quiser colaborar com o blog, envie um e-mail com seu texto para tropa.evo@gmail.com

Avaliaremos o texto e, possivelmente, o publicaremos.

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Friday, July 06, 2007

Palavra de Especialista

O SURGIMENTO DO PENSAMENTO EVOLUTIVO: DE ANAXIMANDRO A LAMARCK

&

HISTÓRICO E ORIGEM DAS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES ERRÔNEAS SOBRE EVOLUÇÃO BIOLÓGICA, BEM COMO DAS CONCEPÇÕES CRIACIONISTAS

DAVID G. BORGES

BIÓLOGO, GRADUANDO EM FILOSOFIA

(EXTRAÍDO DAS PALESTRAS E TEXTOS SOBRE EVOLUÇÃO VS. CRIACIONISMO ELABORADOS PELO AUTOR EM OCASIÕES ANTERIORES)

Anaximandro (610-546 a.C.): Especulou sobre o início e a origem da vida animal. Afirmou (com base em fósseis) que os animais saíram do mar em épocas remotas e o ser humano se encontraria “preso” dentro de animais similares a peixes; o homem não teria tido, no passado, condições de sobreviver sozinho sem se abrigar dentro dos peixes, e por isso suas características teriam mudado ao longo do tempo (primeiro registro da idéia de que seres vivos se modificam com o tempo).

Platão (428-347 a.C.): Formula o “Mundo das idéias” e teoria das formas; para Platão variações seriam reflexos “imperfeitos” das essências. Pelo princípio da plenitude, tudo teria sido criado (fixismo).

Aristóteles (384-322 a.C.): Afirma que as espécies poderiam ser organizadas em uma “ordem”, da mais baixa até a mais alta; o universo seria perfeito e portanto esta “cadeia” também o era, não havendo “espaços vazios” entre um “degrau” e outro. Nenhum degrau seria representado por mais de uma espécie. Aristóteles deu origem ao mito de que “evolução” implica em alguma forma de “progresso”. Ironicamente, também é ele quem lança as bases do que viria a ser o método científico com os seus trabalhos sobre lógica.

Taoísmo (séc. IV a.C.): As espécies se modificam com o tempo, não são “fixas”.

Veddas (séc. II a.C.): As encarnações de Vishnu como mudanças entre uma espécie e outra.

Cícero (106-43 a.C.): Antecipa a “analogia do relógio”; argumenta que, assim como um relógio de sol ou de água, os seres vivos são complexos demais e devem ter sido projetados por algum ente externo. Os escritos de Cícero são “revisitados” por William Paley no séc. XIX e dão origem ao fenômeno do “criacionismo”.

Galen, o estóico (129-200 d.C.): Escreve uma obra chamada “sobre a utilidade das partes do corpo” e argumenta contra a visão judaica de que seres vivos foram criados de forma miraculosa; fala sobre a natureza como fator limitante para certas coisas.

Agostinho de Hipona (354-430 d.C.): Argumenta que o Gênesis bíblico deve ser interpretado de forma alegórica, e adverte os fiéis a não se precipitarem em suas conclusões, pois isto poderia “desacreditar a fé”.

Al-Jahiz (776-869 d.C.): Afirma que o ambiente influencia a possibilidade de sobrevivência de um animal.

Ibn al-Haitham (965-1039 d.C.): Escreve um livro falando sobre modificação (evolução) das espécies. Também foi o pioneiro do método científico – seus livros foram amplamente discutidos e chegaram até o ocidente traduzidos para o latim durante a renascença, formando as bases para o método científico ocidental.

Roger Bacon (1214-1294 d.C.): Principia o que posteriormente viria a se tornar o método científico, com a defesa de um processo repetitivo de observação, formulação de hipóteses e experimentação, além da necessidade de verificação independente.

Francis Bacon (1561-1626 d.C.): Após estudar várias “ciências”, afirma que os métodos até então empregados para o estudo das coisas obtinham resultados errôneos e defende a criação de um novo método. Tenta estabelecer as causas dos fenômenos a partir de um método indutivo, porém diferente do aristotélico. Tenta “falsear” os conhecimentos adquiridos através de histórias experimentais, para eliminar teorias alternativas. É o precursor do método indutivo e do princípio de falseabilidade de Karl Popper.

Galileu Galilei (1564-1642 d.C.): Realiza uma série de experimentos a partir de um método completamente diferente do aristotélico, utiliza a matemática como ferramenta e faz duras críticas ao aristotelismo.

René Descartes (1596-1650): Modifica por completo o método científico e filosófico, abandonando (pelo menos em aparência) o aristotelismo. Cria um novo sistema que tem como pretensão guiar os princípios da pesquisa científica.

Séc. XVII: O termo em inglês “evolution”, derivado do termo latino “evolutio” – que significa “desenrolar-se como um pergaminho” – começa a ser usado para designar uma seqüência ordenada de eventos, particularmente uma em que o resultado estava de alguma forma, contido no início.

Matthew Hale (1609-1676 d.C.): Critica o atomismo “ateu” de Demócrito e Epicuro, dizendo que uma “coalizão fortuita e sem sentido de átomos mortos” jamais poderia ter dado origem ao homem, pois não continha os princípios da “evolução” do mesmo. Hale deu origem ao mito de que “evolução” fala de cosmologia, da origem do universo e da origem da vida, além de tê-la associado a “ateus”.

John Locke (1632-1704 d.C.): Defende que todo conhecimento deve vir da experiência, e não de argumentos de autoridade. Afirma que o ser humano é uma “tabula rasa”, ou seja, não possui conhecimentos inatos (o que contrariava as idéias de Descartes e da Igreja). Forneceu as bases para os trabalhos de Hume e Kant. É considerado o primeiro empirista da escola inglesa.

Isaac Newton (1643-1727 d.C.): Rejeitando a ênfase de Descartes no racionalismo e se aproximando do empirismo de Bacon, Newton estabelece o principia, um conjunto de regras que serviram como base para todo o pensamento científico do século XVIII e início do século XIX. Como suas descobertas entravam em concordância com as de Kepler, Newton demonstrou que as mesmas leis naturais que governam o movimento dos corpos celestes também se aplicam ao movimento dos objetos na Terra.

Carolus Linneaus (Carl von Linné; 1707-1778 d.C.): Cria a nomenclatura e a taxonomia. Também forneceu os princípios para a ecologia atual. Irritou a igreja ao classificar humanos como primatas.

David Hume (1711-1776 d.C.): Argumentou a favor do naturalismo; as coisas surgiriam de processos naturais e qualquer impressão de “ordem” seria mera projeção humana sobre as forças da natureza. Levou o ceticismo ao máximo, elaborando o “problema da indução” – segundo o qual nada poderia ser afirmado com certeza a menos que houvesse sido observado. Firma as bases para o método indutivo. Hume também argumentou contra a idéia de que seres vivos eram “projetados” por algum ente externo, com inúmeros exemplos de monstruosidades, abominações e formas imperfeitas presentes na natureza, além do uso da probabilidade como ferramenta.

William Paley (1743-1805 d.C.): Usando uma série de exemplos retirados da medicina e da história natural, Paley retoma o “argumento do relógio” de Cícero e o usa para afirmar que o universo foi “projetado” por uma divindade, em oposição às idéias de Hume. O “argumento do relógio” posteriormente deu origem à corrente criacionista conhecida como “desenho inteligente”.

Friedrich Hegel (1770-1831 d.C.): Afirma que o universo é cheio de contradições auto-complementares e a evolução do mesmo faz parte de um “todo” racional, a que chamou de “conhecimento absoluto”. Hegel é o responsável pelo mito de que a evolução possui uma finalidade metafísica.

Joseph Schelling (1775-1854 d.C.): Considera natureza e espírito como partes “complementares” de um todo; assim como a natureza exibe estágios dinâmicos de evolução biológica, a mente “luta” para adquirir consciência de si própria; a natureza é “uma revelação do absoluto que se auto-expõe”. Schelling é o responsável pelo mito de que a evolução biológica está ligada a características “intelectuais” e metafísicas (e também influenciou profundamente o surgimento do espiritismo no séc. XIX).

Hans Christian Ørsted (1777-1851 d.C.): Tenta unir o empirismo de Hume às críticas feitas ao mesmo por Kant. Estabelece o método de “observação, hipótese, dedução e experimentação”. Afirma que para se atingir completo conhecimento da natureza, deve-se partir de dois extremos ao mesmo tempo – a experiência e o intelecto em si mesmo.

William Whewell (1794-1866 d.C.): Cria o método hipotético-dedutivo. É o primeiro a utilizar o termo “cientista”.

John Stuart Mill (1806-1873 d.C.): Descreve os cinco princípios básicos da indução (o “método de Mill”). É considerado o último empirista.

Gregor Mendel (1822-1884 d.C.): Pai da genética moderna. A partir de estudos com ervilhas elaborou leis que descreviam os mecanismos da hereditariedade. No entanto, os trabalhos de Mendel só vieram a receber a devida atenção a partir da década de 1930. Por este motivo, nem Lamarck nem Darwin utilizaram as descobertas de Mendel para a elaboração de suas teorias.