Monday, November 27, 2006

Palavra de Especialista

“REFLEXÃO SOBRE O DOGMATISMO CIENTÍFICO NO ORKUT”

Margarita Rodrigues

MS, doutoranda em Sociologia.

27/11/2006

O texto anterior (“Demonização de Darwin”) é resultado de um pedido de um amigo, através de e-mail, para escrever uma resposta para um tópico aberto em uma comunidade do Orkut, na qual havia participado - a Criacionismo. Na verdade, relutei em escrever, já que havia decidido me afastar de discussões que envolvam o tema. Participando em outras comunidades, percebi que discutir ciência com fundamentalistas religiosos não só é perda de tempo, porque representa mexer com crenças profundamente enraizadas ao longo de suas vidas, como também porque acredito que, se na sala de aula e estudando sobre o assunto essas pessoas não mudaram a sua visão de mundo, não será o Reality Show da virtualidade orkutiana que os farão mudar. A teoria popperiana do Balde explica bem esse fenômeno!

Usar a tecnologia da comunicação da internet ou virtualidade como informação, mas utilizando a mesma metodologia de “ensino bancário”, continuará privilegiando a educação para a formação dos “Filisteus da Cultura” de que Paulo Freire e Nietzsche falam. Percebi também haver entre aqueles que fomentam as discussões, estudantes que se aproveitam das respostas embasadas cientificamente em seus trabalhos escolares. Como disse sabiamente Nietzsche: “o papel do professor não é empanzinar os espíritos, mas criar uma fome”. Além do que, se formos analisar o que se passa nessas comunidades, se veráformos analisar direito Comunidade Criacionismo x Ecomunidades veremos que beira para um t que o dogmatismo já chegou também à ala científica, como por exemplo, quando da defesa extremada, a argumentação cientifica nos últimos tempos sempre vem carregada de ironia, prepotência ou arrogância (muitas vezes acompanhada de pornografia). Ou quando passam a desqualificar as ciências preparadigmáticas na defesa “cega” ao empiricismo, esquecendo as palavras de Khun sobre os “saltos” ou “revoluções científicas”. Negar que estamos em meio a um processo revolucionário é não enxergar a evolução do conhecimento científico nas mais diversas áreas do conhecimento. Desde o início do século XX novas descobertas dos fenômenos subatômicos, da física quântica, vêm dando novos contornos às estruturas da natureza dos fenômenos até então estudados e abalando a base do paradigma científico newtoniano/cartesiano, que dominou a ciência moderna ao longo destes três últimos séculos. Edgard Morin nos ensina que nem mesmo a união de todas as ciências seria capaz de explicar os fenômenos da complexidade. Já o olhar de Ilya Prigogine nos trouxe a “novidade a respeito da organização e criatividade na natureza, do pensamento humano enquanto função cognitiva e conceitos sobre o Tempo”.

Não estariam, sob a mascara da “erudição”, os cientistas escondendo ou defendendo uma “teologia camuflada”? O quê dizer então sobre a sugestão dada de um livro de Schopenhauer como “manual de refutação de falácia” e que foi levado para outra comunidade, a Céticos S/A, como o seguinte título no tópico “Da leviandade de alguns membros”?

Como foi discutido nas Comunidades Linha Evolucionista, TMF/Tenho Medo de Fanatismo e Evolucionismo x Criacionismo, no tópico Evo x Evo, o nível das discussões já entrou para alguns professores/pesquisadores no terreno da ética.

Dado o nível tomado nas discussões, são poucos os criacionistas que ainda permanecem, ou que discutem nessas comunidades porque o dogmatismo científico está conseguindo esvaziá-las, porém isso não indica que estão ganhando o debate.

Finalizando lembro aos cientistas/professores e àqueles que usam sua real identidade, que o mundo virtual do Orkut é apenas mais uma “jaula de ferro” que a burocracia, no sentido weberiano se apropriou, ou um simulacro do “panóptico de Bentham” de que fala Foucault. Mesmo moderada, as comunidades são “vigiadas” e “observadas” e um pequeno deslize pode comprometer a vida profissional de alguém mais exaltado como diversas reportagens sobre esse tema já informaram. A linguagem utilizada no Orkut é um terreno fértil para aqueles que se dedicam à Análise do Discurso!

Os profissionais da educação e da ciência não podem se dar ao “luxo” de repetir a frase que um estudante militante “evo” me deu ao ser alertado sobre essa possibilidade de estar sendo “vigiado”: “Felizmente não preciso trabalhar ainda, mas, quando precisar deleto esse perfil e abro outro”.

Para aqueles que poderão vir a ver essa crítica como negativa, afirmo que não foi essa minha intenção. Muito pelo contrário, tenho aprendido muito nas leituras que faço do que é postado com seriedade. Minha intenção foi tentar provocar aquilo que costumo fazer com meus alunos: “uma tempestade de idéias”. Às vezes, estamos tão empolgados com um tema no Orkut, que esquecemos que a vigilância eletrônica faz parte do dia-a-dia de nossas vidas e que a privacidade da vida está cada vez mais limitada. E, se mesmo assim, não for compreendida me desculpem, parafraseando Voltaire, mas vou defender o seu direito de criticar mesmo que não compartilhe de suas idéias.

Saturday, November 25, 2006

Palavra de Especialista

Olá Pessoal! Aí está o texto de Francisco Quiumento na coluna de hoje do Palavra de especialista. Aproveitem!

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Vida e Termodinâmica


De um leigo para outros leigos.

SOMOS UM FLUXO DE ENERGIA!

Com esta primeira frase, que escrevo propositalmente como “new age” de forma bombástica, espero apresentar os conceitos que passarei neste pequeno e humilde texto.

Vamos primeiro considerar que não sabemos a origem dos seres vivos, nem suas modificações possíveis no tempo, nem mesmo suas mais complexas relações, nem mesmo seus mais sofisticados mecanismos internos e muito menos alguns sistemas ecológicos que dependem mais de determinadas fontes de energia, que como veremos, no quadro mais amplo, nenhuma diferença fazem no contexto do que seja vida dentro do panorama que apresentaremos.

Perdoem quando alguns dos conceitos e observações apresentadas parecerem extremamente até infantis. Fiquem tranqüilos os mais sedentos por informações, pois ao avançar de nosso pueril texto, veremos que as coisas poderão ser bastante mais sofisticadas que inicialmente se apresentam.

Primeiramente, vamos considerar a principal fonte de energia da Terra, pois consideraremos que só existe vida que podemos analisar neste planeta, já que neste ensaio, estamos mais interessados num pé de alface e numa vaca que nas possíveis formas de vida pelo universo.

Observemos que o Sol dista cento e cinqüenta milhões de quilômetros médios da Terra, e mesmo à esta distância, sobre a superfície de uma esfera de menos de sete mil quilômetros de diâmetro, recebemos a quantidade de energia deste astro que um período curto de exposição a tal poder eleva nossa temperatura até o nível do insuportável.

Definidos estes pontos simples e elementares ao mais desatento observador dos fenômenos da natureza, consideremos uma primeira hipótese, que desencadeará todo o conjunto de evidências que pretendo tornem a definição do que temos de ter como o que seja vida pela Termodinâmica da forma mais clara e simples possível.

Imaginemos que não houvesse vida alguma sobre a Terra, ainda sim a quantidade de energia do Sol seria intensa o suficiente para elevar a temperatura dos materiais, que por hora chamaremos de inorgânico, tal como evidenciamos em qualquer basalto em qualquer calçada e o calor deste se perderia para o ambiente à noite, como qualquer pessoa percebe no esfriamento de qualquer xícara de café.

Deste conceito observável no diário, de que os corpos quentes sempre perdem calor para o ambiente, nasce conceituação muito mais sofisticada na Física, e das questões mais gerais e profundas da natureza, a tal ponto que muitas das consequências do estudo de tal questão resultam até em questões sofisticadas como a Cosmologia, mais abrangente das Ciências, e conceituações sobre questões outrora ligadas mais a Filosofia do que as Ciências, tais como o que seja o tempo.

Estamos falando da Entropia, tão cara a “alguns de nossos amigos”.

Esperemos um pouco por hora e abordemos outro ponto.

Como qualquer criança aprende muito cedo, não podemos realizar esforços ilimitadamente, pois cansamos, fogueiras esgotam seu combustível, os carros tem de ser reabastecidos, etc.

Tudo simplesmente porque a quantidade de energia de qualquer sistema, ao que tudo indica, é limitada. Seja nosso Sol, sejam os combustíveis, seja o alimento que ingerimos, tudo tem uma quantidade máxima de energia para fornecer.

Esta característica universal da energia ser conservativa e limitada sobre todos os ângulos possíveis de análise, definimos como Princípio Universal da Conservação da Energia, sendo uma das afirmações mais confiáveis em Ciências por nós conhecida.

De tal princípio derivam os conceitos, já conhecidos anteriormente, da Lei da Conservação da Energia da Mecânica Newtoniana, que diz: O somatório das Energias de um Sistema é constante. Assim como também o Princípio da Conservação das Massas de Lavoisier (“Nada se cria...), que conjuntamente com a Teoria Geral da Relatividade, resulta: num sistema isolado a energia relativística (massa-energia) total é conservada, quando medida em qualquer sistema inercial dado.

Em Termodinâmica tal princípio é tratado especificamente como Primeira Lei da Termodinâmica resulta e é tratado quantitativamente por:

Var E = Var H + W

Variação da Energia Interna é Igual A Variação da Quantidade de Calor mais Trabalho Realizado (sobre o Sistema)

Chegando na Primeira Lei da Termodinâmica, voltemos à que é chamada de Segunda:

“É impossível qualquer processo que envolva nada mais do que a transferência de calor de um corpo frio para outro quente.” (Enunciado de Clausius).

Ou:

“Não é possível qualquer processo no qual ocorra apenas a conversão de energia térmica de um único reservatório em trabalho macroscópico.” (Enunciado de Kelvin-Planck)

Ou simplesmente: “Calor sempre passa de um corpo mais quente para outro mais frio.”

Mais uma vez, estabelecida a passagem de uma abordagem leiga para um tratamento mais formal da questão, guardemos na memória o apresentado por hora e voltemos a nós, reles seres vivos sob o Sol.

Emitida a radiação pelo Sol, esta gera calor sobre a Terra, mas não somente isso, pois a radiação se manifesta em diversas frequências e como pode-se ver na mais simples chapa fotográfica ou colorido dos pigmentos de qualquer tinta, causam alterações químicas, sempre na direção dos compostos mais estáveis sob esta radiação (como um próprio limitar para o revelar de uma chapa fotográfica como o descolorir de um pigmento o demonstra). Logo, havendo o conjunto de substâncias adequado, tendo calor ou tendo radiação, haverá a ocorrência de reações químicas.

Consideremos mais uma vez um mundo sem seres vivos de espécie alguma. Consideremos que embora pequeno, nosso planetinha insignificante possui quantidades gigantescas de materiais e astronômico número de moléculas. Mesmo que combinações mais exóticas e complexas sejam raras e dependam do acaso, lembremo-nos que o Sol permanentemente provê energia, sem contar os meteorologismos (raios) e os vulcanismos, sendo que os primeiros são conseqüência da energia do sol. Deste modo, acaso ao acaso as moléculas se combinam, se decompõe, se recombinam e esporadicamente, formam moléculas que não se decompõe tão facilmente e estas continuam ao acaso se recombinando.

Agora, numa desonestidade intelectual clara, mas nem por isso desembasada, darei um salto e teremos de supor que uma destas moléculas, em meio à inúmeras outras moléculas e até associada com estas, consiga, neste recebimento permanente e abundante de energia, não mais se decompor ou aumentar se tamanho em estruturas mais complexas, mas sim SE REPRODUZIR. Está formada a primeira molécula auto-replicante, e esta, configurada numa associação de outras moléculas, formará um conjunto, que por mais simples e instável que seja, é uma primeira célula e como óbvio, um primeiro organismo.

Havendo a abundância de componentes (mas lembremo-nos que o suprimento de energia é um fluxo relativamente constante, mas a quantidade de moléculas adequadas, NÃO), este organismo se reproduzirá até agregar em sua população toda a matéria aproveitável disponível e aí chegará a um equilíbrio entre reprodução, absorção e decomposição, sempre propiciada pelo fluxo de energia do Sol (e outros).

Como é da natureza de todos os compostos químicos a instabilidade, mesmo nos períodos de tempo mais longos, ainda mais com ação constante de energia, é de se aceitar a obviedade que a reprodução não se dará com exatidão permanente, ainda mais com populações de escala geológica e ainda mais que determinadas fontes de radiação de alta energia não são oriundas somente do Sol e sim dos bilhões de bilhões de suas estrelas irmãs, como observa-se de maneira CABAL ao se olhar para nossa noite (desculpem-me, mas sou viciado em meu próprio estilo!).

Podemos no momento desprezar o conceito um tanto mais complexo de que elementos e substâncias da geologia, e portanto do ambiente, também colaboram para a ocorrência de erros.

Definidos que os erros são inexoráveis, devido ao próprio contexto geral da matéria na Terra e ao próprio Universo, consideraremos que inúmeros destes erros apenas causarão, e agora já podemos usar o termo morte, decomposição dos conjuntos de moléculas que formam tais seres simplíssimos, MAS NÃO SEMPRE. Ocasionalmente, e temos de entender que a escala é global, alguns dos erros propiciam alguma vantagem em relação ao meio, tal como uma mais rápida cadeia de reações, uma melhor reprodução, uma mais fácil absorção das moléculas nutrientes, um melhor aproveitamento de energia do Sol e outras.

Chegamos, por passos curtos e seguros, aos princípios básicos e iniciais do processo evolutivo. Agora, de erro em erro, inexoravelmente, passaremos por “erros favoráveis” que nos levarão, SOB A LUZ DO SOL, de simples células a conjuntos complexos de células trabalhando em conjunto, inclusive passando por células que não apenas aproveitam reações geológicas e decomposições de células alheias e suas moléculas, mas por meio de moléculas simples em meio a moléculas adequadas, frutos também, de erros favoráveis, tomam moléculas do ambiente e produzem suas próprias moléculas úteis e independem agora de moléculas de células alheias. Temos os primeiros organismos fotossintetizantes, e destes, teremos todas as plantas.

Notemos que as plantas foram beneficiadas pelo acaso e pela abundância de recursos e energia.

Mas havendo produção de algo, podemos ter que outra coisa sobre como resíduo, e a fotossíntese tem como preço a produção de corrosivo e reativo gás como subproduto, o oxigênio. Mas não tardaria o permanente fluxo de energia e erros a produzir um organismo que aproveitaria tal reagente e realizaria violentas reações produzindo calor, mais uma vez um fluxo de energia, decompondo de maneira inteiramente nova as mais diversas substâncias. Não tardaria também a ocorrência de erros que levaria ao surgimento de organismos que decomporiam as substâncias produzidas pelas plantas e pelos outros organismos. Temos então uma primeira geração de herbívoros e de predadores.

Perdoem-me, mas após tal exercício de desonestidade, de forçar argumentos evolucionistas, cheguei onde queria, que é a vaca que invade a horta do vizinho e come seus deliciosos pés de alface, e ao primeiro churrasco de confraternização, é carneada.

Notemos que o sol propiciou a energia, que produziu moléculas na alface, que virou carne na vaca, que por sua vez virou carne nos banqueteiros. Os átomos que formavam o pé de alface estavam no sistema solar e na Terra há milhões de anos, assim como as da vaca, igualmente os dos banqueteiros. Desprezemos o papel dos organismos decompositores e outros, pois assuntos desagradáveis deste tipo são do gosto dos Biólogos e acredito que não de todos nós. Já nos basta as limpas alfaces, as simpáticas vacas (para infelicidade da alface) e os felizes banqueteiros (para infelicidade da vaca). O que passou de um para outro, independente da quantidade de átomos que sempre esteve aí, praticamente?

A quantidade de energia cedida pelo Sol, milhões de anos atrás e que formou as mais elementares moléculas orgânicas, depois as bioquímicas, destas os primeiros organismos, e o processo evolutivo posterior. Todos os seres vivos estão em permanente troca de moléculas (logo de átomos) com o meio ambiente, incluindo outros seres vivos, mas mais do que tudo, de ENERGIA, mesmo quando ela se “oculta” nas mais duradouras estruturas químicas. Agora, voltemos à formal e chata Termodinâmica.

Pelo Princípio da Conservação da Energia já sabemos, aliás o que pouco interessa no momento, que nosso sistema solar tem um total de energia total constante, que está sendo disperso pelo Universo e exatamente pela Entropia, permanentemente se perdendo e não podendo retornar ao nosso sistema.

Todos os seres vivos, em menor ou maior grau, produzem calor em suas reações, que se perde para o ambiente, e mesmo que até muitas de suas reações absorvam calor do ambiente, mais cedo ou mais tarde decomposições e outras reações perderão esta energia para o ambiente. Aqui entra o fluxo constante de energia do Sol. Estamos perdendo energia para o ambiente, e o ambiente (que nos inclui) para o frio espaço infinito, mas o Sol continua a nos prover. Portanto, continuamos sendo uma fluxo de energia do Sol para a Terra, nos seres vivos, dos seres vivos entre si e deste para o Universo. Somos portanto, um MOMENTO de organização instável, que se auto-multiplica, entre a CHEGADA DA ENERGIA à Terra e a sua perda para o espaço. Estamos, pois, num “sistema de equilíbrio dinâmico”.

Temos de considerar também, que havendo o fornecimento de energia, podemos ter sistemas de organismos vivos em vulcanismos e no calor geotérmico de variados tipos, tal como hoje evidenciamos em sistemas ecológicos submarinos. Podemos considerar que os vírus não tem metabolismo, mas têm mecanismos de reação que propiciam sua multiplicação que na verdade são modificações das reproduções celulares, mas percebamos, independentemente destes quadros específicos, que de forma algumas deixamos de evidenciar que a energia propicia reações químicas entre moléculas adequadas, que são aproveitadas em outras reações químicas, num ciclo permanente e evolutivo, pois se modifica no tempo, procura manter sua organização relativa, mesmo com erros, que alguns modificações favoráveis propiciam, mas sem deixar de ser nunca o que como seres vivos todos somos: um fluxo de energia.

Francisco Quiumento

quiumen@terra.com.br

Thursday, November 23, 2006

Diferenças profundas

Agência FAPESP - A variação genética entre os seres humanos é bem maior do que se imaginava, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira (23/11). Pelo menos 10% dos genes do homem podem diferir em relação ao número de cópias de seqüências de DNA que contêm. A descoberta altera o consenso de que o DNA de todos os seres humanos seria 99,9% semelhante em conteúdo e identidade.

A equipe de pesquisadores comparou o DNA de 270 pessoas com ascendências asiática, africana e européia e mapeou o número de genes duplicados ou apagados – a variação de número de cópias (VNC). Os resultados estão publicados na revista Nature.

Utilizando técnicas de microarray, os pesquisadores verificaram que mais de 10% do total do genoma humano tem variações no número de cópias de segmentos específicos do DNA. As diferenças, segundo eles, podem influenciar a atividade genética e, em última instância, funções do organismo. Os cientistas esperam que o estudo revele novas rotas para a detecção de genes envolvidos em doenças.

Os dados do DNA de 270 indivíduos haviam sido compilados pelo projeto HapMap, que mapeou variações entre nucleotídeos (a unidade básica do código genético) para compará-las à seqüência de referência do DNA humano.

O atual estudo buscou diferenças entre regiões maiores do genoma e descobriu que havia mudanças não apenas de algumas “letras” do código genético, mas de “sentenças” inteiras. O novo mapa pode mudar os procedimentos científicos para a busca de genes envolvidos em doenças, já que os mapas produzidos pelo HapMap não eram capazes de detectar as VNCs.

Segundo os pesquisadores, as numerosas mudanças encontradas foram também bastante profundas. Faltavam, por exemplo, segmentos de DNA de cerca de um milhão de nucleotídeos de extensão. “Pensávamos que variações grandes como essa estavam ligadas à presença de doenças, mas estamos mostrando que todos podemos ter tais variações”, disse um dos coordenadores do estudo, Stephen Scherer, do Instituto Médico Howard Hughes, nos Estados Unidos.

O cientista lembrou que pesquisas anteriores haviam comparado duas seqüências do genoma humano, mas encontraram tantas diferenças que preferiram atribuí-las a um erro. “Eles não acreditaram que as alterações encontradas pudessem ser variações entre as fontes de DNA analisadas”, disse.

O artigo Global variation in copy number in the human genome pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com

Tuesday, November 21, 2006

Palavra de Especialista

Olá! Hoje inauguramos uma nova coluna no Blog, que é a "palavra de Especialista", que vai trazer textos de assumidades nas áreas científicas. A colunista de hoje é Margarita Rodrigues, socióloga, e seu texto foi escrito originalmente como resposta a uma postagem de orkut.
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“DEMONIZAÇÃO DO DARWINISMO”

Margarita Rodrigues

MS, doutoranda em Sociologia

21/10/2006


O tópico em questão afirma: “TE – é um constructo social! A Teoria da Evolução nada mais é que uma construção social para sustentar o imperialismo britânico do século dezenove! Não só isso, é uma filosofia(ou melhor, uma cosmo visão) naturalista-materialista disfarçada de 'ciência objetiva'! Quem sustenta essa visão de mundo vive numa esquizofrenia moral e mental. Por quê? Porque na sala de aula ou no laboratório sustenta uma visão de mundo materialista e sem sentido, sem propósito, sem misericórdia. Na vida familiar, 'particular', sustenta outra visão de mundo. Querem sentido, objetivo, um propósito para as suas vidas, que só a cosmo visão teísta pode fornecer!”.

Minha resposta ao tópico com pequenas alterações:

Meu caro você está sendo simplista, inconsistente, leviano e principalmente reducionista e refutável nessa sua afirmativa, uma vez que não comprovou nenhuma evidência sustentável do que afirma. Quando muito, induz os menos avisados a pensar que houve um movimento deliberado nesse sentido. Nunca te ensinaram que ao emitirmos um “parecer” sobre determinados assuntos, e principalmente por escrito, devemos explicar como chegamos a tal conclusão? Parafraseado o velhinho barbudo Marx em o 18 Brumário, mas em sentido inverso, não reduza a História do Pensamento Econômico (HPE) a “um saco de batatas”. O verdadeiro cientista não vive uma “esquizofrenia”. Não emita juízo de valor sobre algo que desconhece, já que nem todo mundo e principalmente os cientistas têm uma visão maniqueísta da vida.


1) Refutação: sua afirmativa de que a Teoria da Evolução “... é uma filosofia (ou melhor, uma cosmo visão) naturalista-materialista disfarçada de 'ciência objetiva'".

Para o seu conhecimento, o período da Idade Moderna foi palco de uma explosão de novos conhecimentos, tanto científicos como tecnológicos, advindos das mais diversas áreas. O conhecimento não é obra do acaso. Ao contrário, ele é guiado pela filosofia. Se a escola Filosófica do Positivismo e sua noção de progresso, inaugurada por Saint-Simon em 1830 (e “apropriada” por Augusto Comte), influenciaram diversos pensadores em suas teorias, isso não implica dizer que houve um acordo implícito ou explícito nessa direção, ou que esses pensadores seguiram como “rebanho” atrás de uma idéia. Na “cosmo visão” desses pensadores, a humanidade passa por um processo “evolutivo”. O Positivismo tem como referência filosófica Kant e sua obra Crítica à Razão Pura, é uma palavra derivada do latim – positum, posto, situado – ou seja, significa aquilo que se observa, que se experimenta. O Positivismo nada mais é do que uma nova fase do empirismo, denominado por alguns como “conhecimento enciclopédico”. Se escolas filosóficas posteriores criticam ou refutam algumas teorias de cunho positivista empiricista, isso não anula as suas conquistas passadas nem as futuras, uma vez que várias disciplinas são ainda iminentemente positivista empiricista. Procure estudar Filosofia da Ciência e ler as Etapas do pensamento sociológico do não marxista Raymond Aron.

Os primeiros evolucionistas foram Malthus e Spencer, o primeiro com sua Teoria do Princípio de População de 1838 e o segundo em do Progresso sua Causa e Seu efeito de 1857 (ambos disponíveis na internet), os primeiros a defenderem a noção de progresso evolutivo em diversas áreas estudadas por eles. São eles que formulam as primeiras noções sobre o evolucionismo. Lembrando que nenhum dos dois era ateu. O primeiro era economista e Pastor e o segundo filósofo e sociólogo, filho de pai quacker e mãe metodista. Portanto o evolucionismo não foi “inventado pelo Naturalista Darwin”. É ciência e como tal, é objetiva e materialista e não se mistura com o subjetivismo metafísico. Darwin aparece em 1859 com a Origem das Espécies cujo título original era Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural ou a Conservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida. Darwin nunca foi ateu. Ao contrário, até pensou em ser pastor anglicano. Muito embora tenha se afastamento da igreja após a perda de uma filha, ele nunca se afirmou ateu, mas sim agnóstico.

A reação do pensamento conservador de filósofos, religiosos e “pseudos” cientistas de “demonização” de Darwin se dá porque sua Teoria vai de encontro às crenças construídas por religiosos, em cima de uma parte de um livro – a gênese da Bíblia – que não apresenta nenhuma evidência empírica. Ao contrário, é um livro escrito por “n” pessoas, que passou por “n” traduções e “n” interpretações todas elas cientificamente criticadas por lingüistas, historiadores e antropólogos, e que conta a estória de vida e de costumes do povo judaico-cristão. Na verdade um livro usado pelos religiosos como a manifestação da “voz de Deus” para assim estabelecer preceitos morais e filosóficos, com o único objetivo de dominar corações e mentes aos seus interesses materialistas (políticos e econômicos). Como exemplo atual, podemos questionar qual a relação existente entre George W. Bush (Presidente dos EUA e membro de um grupo de empresários ligados ao petróleo) e o ressurgimento do movimento da seita criacionista que entre suas orientações deixa implícito a intolerância religiosa a outras crenças e manifestações de fé, ao defender o ensino religioso cristão nas escolas públicas. Lembrando mais uma vez o velhinho barbudo Marx, guerra não se faz pela fé, e sim por interesses econômicos.

2) Refutação: A Teoria da Evolução nada mais é que uma construção social para sustentar o imperialismo britânico do século dezenove.

Até no feudalismo as relações sociais eram baseadas e organizadas nos princípios de reciprocidade, redistribuição ou domesticidade comunais, tendo o artesanato como forma de produção. Com o advento da Revolução Industrial iniciada no século XVIII - a mecanização das formas de produção - iniciam-se não só a transição entre feudalismo e capitalismo, como também o processo de transformação das relações sociais que passam a ser embasadas pela economia de mercado, tendo como princípio norteador o lucro. Ou seja, as relações sociais passam a ser definidas não mais em funções da familiaridade e sim em função das relações econômicas. Como afirma a teoria clássica econômica, o trabalho passa a ser apenas um negócio e a economia passa a ser regulada pela “mão invisível” do mercado como afirmou Adam Smith e desejavam os liberais. Ao estudar as Leis ingleses - privatização das terras, Lei dos Pobres de 1834, Lei da Reforma de 1831, Lei do Trigo de 1846 - Karl Polanyi, no clássico A Grande Transformação escrito em 1944, demonstrou que o objetivo do Estado inglês ao criar esses leis foi submeter a sociedade inglesa às exigências de empreendedores que se orientavam apenas pelo lucro. Com a população submetida às leis do mercado, inaugura-se uma nova formação social denominada de capitalismo. Nas palavras do autor, o homem foi reduzido a “átomos dispensáveis” de uma “máquina para o qual estava condenado a servir”. Esse autor comparou a liberação do mercado desregulado a um “Moinho Satânico”, com força capaz de destruir as relações sociais. A partir desse momento as transações comerciais passam a ser transações monetárias. Esquecida por algum tempo sua teoria do “Duplo Movimento” na história do capitalismo vem sendo amplamente estudada na atualidade, mas até o momento não foi ainda refutada. Ao contrário, se encontra em plena expansão uma vez que está dando origem a novos conhecimentos sobre a nossa formação social. Diante disso fica óbvio que a Economia de Mercado foi a mola mestra e propulsora do imperialismo britânico do século XIIX e não a TE e muito menos Darwin tem alguma coisa a ver com isso. Não confunda alhos com bugalhos.


Monday, November 20, 2006

Linha Evo Links

Olá Pessoal!

Para consolidar de vez esta coluna, aproveitem o Linha Evo Links terceira edição.

Agora é pra valer: todo começo de semana vai haver Linha Evo Links, com links muito úteis sobre evolução e ciência.

Aí vão alguns muito bons:

Especiação observada (em inglês)

Origem da vida, busca pelo primeiro material genético (em inglês)

Material didático (citologia, genética e evolução)

Vaidade no Campo Acadêmico (uma boa reflexão para todos...)

Bom, por hoje é só! Bom proveito.

Abraços,
RENAN

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Quer contribuir com a Linha? Mande um e-mail para tropa.evo@gmail.com

Sunday, November 19, 2006

O humanismo de Darwin, Marcelo Gleiser

Ensaio do Marcelo Gleiser, para o Folha de hoje, domingo, 19/11.
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O projeto darwiniano é explicar a vida a partir padrões fundamentais


Para muitas pessoas, especialmente as mais religiosas, as idéias de Charles Darwin, o naturalista inglês que no século 19 propôs a teoria da evolução pela seleção natural, são um ultraje: afirmar que nós, homens e mulheres, sofisticados e conscientes, somos nada mais do que macacos evoluídos é inaceitável.

Especialmente ao contrastarmos esta visão "vil" da humanidade com a da Bíblia, que nos coloca tão perto de Deus, criados por Ele à sua imagem e semelhança. De semideuses a macacos é um pulo enorme. Darwin conseguiu, em apenas uma geração, virar ao avesso milhares de anos de crenças.

Como não podia deixar de ser, as idéias de Darwin criaram imensa controvérsia. Ele mesmo preferiu evitar a exposição e as disputas públicas, deixando que outros o defendessem, como é o caso de T. H. Huxley, o biólogo que tornou-se "buldogue" de Darwin.

Em ensaio recente para a revista "The New Yorker", Adam Gopnik refaz a trajetória literária de Darwin, mostrando que mais do que um naturalista, Darwin era um romancista da ciência: seu modo de escrever ia além da simples exposição de fatos e conclusões. Existia uma estratégia literária, com o objetivo de tornar o relato tão natural que a conclusão final fosse absolutamente óbvia e inevitável, quase desnecessária. Darwin sabia muito bem que suas idéias encontrariam resistência acirrada.

Na "Origem das Espécies", por exemplo, Darwin passa grande parte do livro discursando sobre as técnicas dos criadores de pombos, cachorros e outros animais domésticos, mostrando como a reprodução controlada fixa características desejadas na prole, um fato mundano ao qual ninguém pode se opor. Darwin então mostra que, mesmo se não forçadas pelos criadores, mudanças ocorrem por si mesmas a partir da variação natural entre os indivíduos de uma dada população; o ambiente faria o papel da mão humana, selecionando certos traços.

Para ele, a incrível variação da vida é conseqüência essencialmente de dois fatores: intervalos de tempo geológicos, muito além dos que contemplamos nos 70 ou 80 anos que vivemos, e mudanças que podem ser passadas de geração em geração. Darwin não conhecia as mutações genéticas, mas sua teoria antevê o mecanismo básico das transformações entre animais responsável pela diversidade da vida.

O projeto darwiniano é explicar a imensa variedade da vida a partir de apenas alguns padrões fundamentais. É essa a função de qualquer teoria científica, seja ela em física, química ou biologia: descrever o maior número de fenômenos ou observações do mundo natural a partir do menor número de princípios sem qualquer intervenção de entidades sobrenaturais. Todas as respostas para os mistérios da natureza, da origem das espécies à formação do Sol e dos planetas, podem ser encontradas na própria natureza. O estilo de Darwin é o da insistência, a famosa frase latina "guta cavat lapidem" (água mole em pedra dura), exaustivamente anestesiando qualquer possibilidade de resistência por parte do leitor.

Em obras posteriores, Darwin argumenta que os homens são macacos evoluídos: "Aprendemos então que o homem descende de um quadrúpede peludo, dotado de orelhas pontudas e rabo, provavelmente arborícola, que habitava o Velho Mundo". Essa afirmação, claro, aparece só depois de centenas de páginas de exemplos comparando nosso comportamento sexual ao de animais. Em seus escritos, Darwin mostra que o homem não é mais apenas a medida de todas as coisas; todas as coisas podem ser medidas por ele. É essa dimensão humana que damos ao mundo que define a essência do humanismo.

Saturday, November 18, 2006

CÉLULA-TRONCO CURA DOENÇA QUE DEGENERA MÚSCULOS EM CÃES

A distrofia muscular, uma doença genética que afeta 1 a cada 3.500 meninos, foi curada, em cachorros, por cientistas franceses e italianos através do transplante de células-tronco. Segundo eles, o trabalho abre caminho para novos tratamentos, mais eficazes, em seres humanos no futuro.

A distrofia muscular é uma mutação genética que causa a destruição de uma proteína que mantém a integridade dos músculos. A doença só afeta meninos e costuma ser percebida por volta dos três anos de idade. Os primeiros sintomas são quedas, desequilíbrios freqüentes e um grande cansaço. Ainda incurável, ela diminui a expectativa de vida de seus portadores.

A equipe que desenvolveu o estudo -- publicado na edição desta semana da revista científica britânica “Nature” – tratou a forma mais comum, e mais severa, da doença: a distrofia muscular de Duchenne.

Os pesquisadores retiraram células-tronco tanto de cachorros saudáveis quanto portadores da distrofia e as reprogramaram para se transformarem em células musculares. As dos cães doentes, antes, foram modificadas para corrigir o gene defeituoso.

Os dois tipos de células-tronco foram injetados nos cães doentes. As originárias de animais saudáveis, aplicadas cinco vezes separadas por intervalos de um mês, foram as que apresentaram melhor desempenho. De seis cães com a doença, quatro recuperaram a força muscular e a capacidade de realizar movimentos. Dos demais, um não recebeu células suficientes e o outro morreu, antes do tratamento ter efeito.

Inicialmente, os cientistas tinham estudado camundongos, com sucesso. Depois, decidiram aplicar o tratamento em cães, pois esses animais apresentam as características de desgaste muscular mais próximas do ser humano

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Sei que esta notícia não tem muito a ver com teoria da evolução, porém acho que o potencial das células-tronco é um assunto muito importante e que deve ser debatido na sociedade.

Abraços,
RENAN

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Thursday, November 16, 2006

Genoma do neandertal

Agência FAPESP - A genômica acaba de dar um passo para trás. Um passo de milhares de anos e muito importante para entender melhor e evolução humana. O mais próximo parente do homem moderno, o neandertal, acaba de ter parte do seu DNA seqüenciado.

Em artigo publicado na edição de 16 de novembro da revista Nature, um grupo internacional de pesquisadores liderado por Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, descreve a análise de 1 milhão de pares de base do DNA do Homo neanderthalensis.

A análise detalhada do genoma da espécie, extinta há cerca de 30 mil anos, oferece uma oportunidade inédita para conhecer as mudanças genéticas que acompanharam a transição dos antigos hominídeos ao homem moderno.

Os cientistas compararam os pares de base do DNA de um fóssil de 38 mil anos, encontrado na Croácia, com os genomas do homem e do chimpanzé. Os resultados sugerem que o neandertal e o homem se separaram em espécies distintas há cerca de 516 mil anos.

Outro estudo, que será publicado na edição de 17 de novembro da Science, feito por um grupo diferente, mas em colaboração com a equipe de Pääbo, aponta que o mais recente ancestral comum às duas espécies teria vivido há cerca de 706 mil anos.

Essa segunda pesquisa, liderada por Edward Rubin, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos, examinou 65 mil pares de base do DNA do neandertal e estimou que a espécie tem 99,5% de seu genoma idêntico ao do homem moderno.

Apesar da semelhança, não há evidências de extensivos cruzamentos entre as espécies ou de que o neandertal tenha contribuído para a assinatura genética do homem. O que o resultado destaca é que está no mero 0,5% restante o alvo dos cientistas para descobrir mais sobre a espécie e sobre a evolução humana.

Importância das mutações na evolução
Diferente de análises anteriores, os novos estudos não foram baseados no DNA mitocondrial, mas no nuclear, considerado mais útil para a análise de questões evolucionárias.

“Essas duas análises representam a aurora da genômica do neandertal e avançam nossa compreensão das relações evolucionárias entre o Homo sapiens e o Homo neanderthalensis”, disse Rubin em entrevista coletiva na terça-feira (14/11).

“Os dois artigos representam provavelmente as contribuições mais significativas publicadas desde a descoberta dos neandertais, há 150 anos”, escreveram em comentário na mesma edição da Nature David Lambert e Craig Millar, do Centro para Ecologia e Evolução Molecular Allan Wilson, na Nova Zelândia.

Segundo os autores dos novos estudos, ainda que não respondam imediatamente a muitas das dúvidas sobre as diferenças biológicas entre humanos e neandertais, os estudos configuram uma perspectiva promissora: o seqüenciamento do genoma completo do Homo neanderthalensis. Ou seja, decifrar a assinatura genética de uma espécie extinta há muito tempo.

“O seqüenciamento do genoma do neandertal fornecerá uma ferramenta valiosa para comparação e estudos das diferenças entre o homem e seu parente mais próximo”, disse Rubin.

Para Millar e Lambert, decifrar a assinatura do neandertal ajudará a resolver um debate que começou há mais de 20 anos, quando se iniciaram os estudos com DNAs antigos: “Na evolução, qual é a importância das mutações genéticas – que resultam em alterações estruturais e fisiológicas – na comparação com as mutações que afetam a regulação desses genes?”.

O artigo Analysis of one million base pairs of Neanderthal DNA, de Svante Pääbo e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com

O artigo Sequencing and analysis of neanderthal genomic DNA, de Edward Rubin e outros, poderá ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org

Tirado daqui

PS.: Agora é verdade! A próxima postagem será o texto de Francisco Quiumento, o Xicão! É que essa notícia é muito relevante...

Wednesday, November 15, 2006

Linha Evo Links (mais alguns...)

Olá pessoal!

A postagem passada agradou muita gente, então resolvi postar mais alguns links sobre evolução. Lembrando que nosso próximo texto será um Ensaio exclusivo de Francisco Quiumento, o famoso Xicão.

Se preparem!

Indicado pelo Dario nos comentários (muito bom mesmo!):
Evolução do Homem (inglês)

Transicional entre peixes e anfíbios (notícia)

Transicional entre vespas e abelhas (em inglês)

Aproveitem por enquanto, porque a próxima postagem vai abalar!

Sunday, November 12, 2006

Linha Evo Links

Olá pessoal.

A partir de hoje vou postar com regularidade alguns links para sites respeitáveis, contento informações preciosas sobre evolução, tais como fósseis transicionais, evolução do homem e evolução em geral.

Hoje, para começar, um apanhado geral:

Evolução do Homem

Evolução do Homem, fotos de crânios (em inglês)

Fósseis transicionais (em inglês)

"Filha de Lucy"

Aproveitem, que logo vem mais!

Thursday, November 09, 2006

Gene do cérebro humano pode ter vindo do neandertal

WASHINGTON - Diversos estudos recentes sugerem que, se houve cruzamento entre os seres humanos modernos e os neandertais, os romances entre as duas espécies teriam sido poucos, extremamente breves e sem grandes conseqüências para a linhagem humana. Um novo trabalho, no entanto, propõe que alguns desses encontros podem ter tido impacto considerável na evolução do cérebro do animal humano atual, o Homo sapiens.

Se o resultado se confirmar, o neandertal, hoje extinto, pode ter deixado para a humanidade uma importante herança genética.

O geneticista Bruce Lahn, da Universidade de Chicago, e colegas informam ter encontrado evidências de que pelo menos um gene pode ter cruzado o abismo evolucionário.

A equipe de Lahn estudou a origem do gene microcefalina que, acredita-se, participa na regulação do tamanho do cérebro. No ano passado, o grupo informou, na revista científica Science, que uma versão particular do gene, atualmente presente em 70% da população mundial, surgiu há cerca de 37.000 anos e espalhou-se rapidamente pelo globo. Aparentemente, a evolução favoreceu essa versão, chamada haplogrupo D, cuja função exata ainda é incerta.

Em um novo trabalho, publicado nesta semana em Proceedings of the National Academy of Sciences, a equipe de Lahn analisa o gene microcefalina de 89 pessoas, de diferentes partes do mundo.

Eles descobriram que o haplogrupo D é tão diferente de outras versões do gene que deve ter surgido há pelo menos 1 milhão de anos, segundo levantamentos estatísticos. Mas essa forma só chegou ao cérebro humano há 37.000 anos.

Os pesquisadores concluem que a explicação mais provável seria o cruzamento entre seres humanos pré-históricos e uma outra variedade de hominídeo, agora extinta, que já possuía o haplogrupo D. O melhor candidato, nesse caso, seria o neandertal.

Tirado daqui

Monday, November 06, 2006

Sgt. Peppers


Olá pessoal!

Hoje nós vamos contar a história do indivíduo aí do lado.

Quando a Tropa (hoje ela se chama "Linha de Frente Evolucionista") foi criada, logo alguém disse: ei, precisamos ter um mascote! Muitas figuras foram postadas, mas nenhuma parecia sintetizar nossa mensagem e ser engraçada ao mesmo tempo...
Porém, quando postaram a foto aí ao lado, pensei simplesmente: "Perfeito!".
Então começou o debate sobre o nome. Escolhemos Sgt. Peppers, nem me pergunte o porquê! Alguém sugeriu e todo mundo gostou!
Hoje ele é mais que uma mera foto, é um ícone, uma lenda...

Abraços a todos,
RENAN

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Casamentos com neandertais

Uma reavaliação de fósseis descobertos na Romênia levou cientistas a descobrir evidências de que o homem moderno cruzou com neandertais há cerca de 35 mil anos. Os cruzamentos teriam ocorrido enquanto o homem moderno se espalhava pelo continente europeu.

Erik Trinkaus, da Universidade Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, e dois colegas romenos examinaram ossos encontrados em 1952 em Peştera Muierii, conhecida como a "caverna da mulher velha". O estudo será publicado esta semana no site e depois na versão impressa da Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

Os pesquisadores verificaram que os fósseis têm cerca de 30 mil anos e características do esqueleto do homem moderno. Os ossos também apresentam detalhes típicos do Homo neanderthalis, como a falta de adaptações anatômicas necessárias nos ombros para arremessar projéteis, como lanças, durante a caça.

Segundo os autores do estudo, a mistura de características humanas e neandertais sugera a existência de um complexo cenário reprodutivo quando as espécies cruzaram. Para os pesquisadores, os resultados da pesquisa também indicam que a hipótese de que os neandertais foram simplesmente substituídos pelo homem moderno deve ser abandonada.

O artigo Early modern humans from the Peştera Muierii, Baia de Fier, Romania, de Andrei Soficaru, Adrian Doboş e Erik Trinkaus, poderá ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
(Fonte: Agência Fapesp)

Tirado daqui:
http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=27599