Thursday, November 16, 2006

Genoma do neandertal

Agência FAPESP - A genômica acaba de dar um passo para trás. Um passo de milhares de anos e muito importante para entender melhor e evolução humana. O mais próximo parente do homem moderno, o neandertal, acaba de ter parte do seu DNA seqüenciado.

Em artigo publicado na edição de 16 de novembro da revista Nature, um grupo internacional de pesquisadores liderado por Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, descreve a análise de 1 milhão de pares de base do DNA do Homo neanderthalensis.

A análise detalhada do genoma da espécie, extinta há cerca de 30 mil anos, oferece uma oportunidade inédita para conhecer as mudanças genéticas que acompanharam a transição dos antigos hominídeos ao homem moderno.

Os cientistas compararam os pares de base do DNA de um fóssil de 38 mil anos, encontrado na Croácia, com os genomas do homem e do chimpanzé. Os resultados sugerem que o neandertal e o homem se separaram em espécies distintas há cerca de 516 mil anos.

Outro estudo, que será publicado na edição de 17 de novembro da Science, feito por um grupo diferente, mas em colaboração com a equipe de Pääbo, aponta que o mais recente ancestral comum às duas espécies teria vivido há cerca de 706 mil anos.

Essa segunda pesquisa, liderada por Edward Rubin, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos, examinou 65 mil pares de base do DNA do neandertal e estimou que a espécie tem 99,5% de seu genoma idêntico ao do homem moderno.

Apesar da semelhança, não há evidências de extensivos cruzamentos entre as espécies ou de que o neandertal tenha contribuído para a assinatura genética do homem. O que o resultado destaca é que está no mero 0,5% restante o alvo dos cientistas para descobrir mais sobre a espécie e sobre a evolução humana.

Importância das mutações na evolução
Diferente de análises anteriores, os novos estudos não foram baseados no DNA mitocondrial, mas no nuclear, considerado mais útil para a análise de questões evolucionárias.

“Essas duas análises representam a aurora da genômica do neandertal e avançam nossa compreensão das relações evolucionárias entre o Homo sapiens e o Homo neanderthalensis”, disse Rubin em entrevista coletiva na terça-feira (14/11).

“Os dois artigos representam provavelmente as contribuições mais significativas publicadas desde a descoberta dos neandertais, há 150 anos”, escreveram em comentário na mesma edição da Nature David Lambert e Craig Millar, do Centro para Ecologia e Evolução Molecular Allan Wilson, na Nova Zelândia.

Segundo os autores dos novos estudos, ainda que não respondam imediatamente a muitas das dúvidas sobre as diferenças biológicas entre humanos e neandertais, os estudos configuram uma perspectiva promissora: o seqüenciamento do genoma completo do Homo neanderthalensis. Ou seja, decifrar a assinatura genética de uma espécie extinta há muito tempo.

“O seqüenciamento do genoma do neandertal fornecerá uma ferramenta valiosa para comparação e estudos das diferenças entre o homem e seu parente mais próximo”, disse Rubin.

Para Millar e Lambert, decifrar a assinatura do neandertal ajudará a resolver um debate que começou há mais de 20 anos, quando se iniciaram os estudos com DNAs antigos: “Na evolução, qual é a importância das mutações genéticas – que resultam em alterações estruturais e fisiológicas – na comparação com as mutações que afetam a regulação desses genes?”.

O artigo Analysis of one million base pairs of Neanderthal DNA, de Svante Pääbo e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com

O artigo Sequencing and analysis of neanderthal genomic DNA, de Edward Rubin e outros, poderá ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org

Tirado daqui

PS.: Agora é verdade! A próxima postagem será o texto de Francisco Quiumento, o Xicão! É que essa notícia é muito relevante...

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