Saturday, January 05, 2008

Defendendo a Nomenclatura Científica

Recomeçando as postagens após alguns meses...

Não me recordo em qual livro li esse trecho, mas define bem a importância sistemática, de onde extraímos boa parte das argumentações sobre biodiversidade.


"Sem a sistemática, a ciência da biologia abrasaria até travar ou, ainda pior, derivaria por entre feudos reducionistas isolados ou escolas deterministas sem um arcabouço conceitual ou de continuidade."

Saturday, August 25, 2007

Defendendo a Nomenclatura Científica

O 1% de solução,

Saiu na Science, no dia 13 de agosto, uma possível resposta para o paradoxo dos 99% de similaridade entre chimpanzés e humanos, tudo isto após um grupo de cientistas da Universidade de Durham, na Carolina do Norte, analisarem 6280 genes presentes nos chimpanzés, humanos, e a título de comparação, nos macacos.

Mês passado, expus um artigo de Cohen, que trata do mesmo tema proposto no âmbito das comparações moleculares, o mito do 1%.

Os pesquisadores acharam que das regiões escolhidas, por volta de 575 genes humanos --- genes envolvidos em funções cerebrais e nutricionais --- que se submeteram a esta seleção são completamente distintos entre os humanos e chimpanzés, inferindo que o tipo de dieta alimentar foi de extrema importância para a evolução humana, o onivorismo teve um papel importante ante o constante frugivorismo dos chimpanzés. A demanda de alguns nutrientes para expansão encefálica é evidente, e é assim que os genes estão expressados. O que nos faz tão diferentes dos chimpas?

Dieta e Funções Cerebrais, molecularmente.

Thursday, August 23, 2007

Notícias

Gorila ancestral recua origem humana

Fóssil etíope tem 10 milhões de anos e contraria evidências genéticas de separação recente entre homem e chimpanzé
Dentes da nova espécie foram achados por grupo da Etiópia e do Japão e são nova prova da origem dos grandes primatas na África

Claudio Ângelo
Editor de Ciência

O lugar parecia pouco promissor para uma caça ao tesouro: uma colina formada por sedimentos soltos numa região árida e de difícil acesso na Etiópia central. A formação Chorora, como é conhecida, tem poucos fósseis, a maioria em péssimo estado de preservação. Até agora, não havia revelado nada à ciência. Mas essa história mudou, graças à teimosia de um grupo de pesquisadores etíopes e japoneses. Eles encontraram ali os restos fossilizados de uma nova espécie de macaco, que pode ajudar a esclarecer a própria origem dos humanos.O animal, batizado Chororapithecus abyssinicus (ou macaco abissínio de Chorora) viveu há cerca de 10 milhões de anos e está sendo considerado o mais velho parente dos gorilas.Acontece que, até agora, vários paleontólogos e geneticistas consideravam que os gorilas só tivessem se separado dos chimpanzés na evolução bem depois disso. Como foi após essa separação que os chimpanzés se separaram dos hominídeos, a descoberta do gorila pré-histórico etíope implica que a família humana é mais antiga do que se supunha -pode chegar a 9 milhões de anos."O material é muito esparso, mas há uma possibilidade intrigante de que ele represente o clado [família] dos gorilas depois que eles se separaram do ancestral comum entre humanos e chimpanzés", explica o antropólogo David Pilbeam, da Universidade Harvard (EUA)."Isso só poderia ser o caso se o ancestral comum entre os grandes macacos africanos e os seres humanos tivesse mais de 10 milhões de anos, o que significaria que a divergência entre humanos e chimpanzés aconteceu há mais de 8 milhões de anos", continua o cientista.O galho que faltavaO grupo liderado por Gen Suwa, da Universidade de Tóquio, e Berhane Asfaw, do Rift Valley Research Service, em Adis Abeba, encontrou os fósseis -um conjunto de meros oito dentes- depois de andar cem quilômetros pela região de Chorora sem achar nada de especial."Era o nosso último dia de levantamentos de campo em fevereiro de 2006. Nosso assistente de campo, Kampiro, encontrou o primeiro dente. Ele o apanhou e mostrou para mim, e eu soube que aquilo era algo novo -o primeiro grande primata fóssil da Etiópia", disse Asfaw num comunicado.A empolgação com o achado se justifica: apesar de vários hominídeos fossilizados já terem sido achados na África (inclusive na Etiópia), raríssimos são fósseis de macacos. E é neles que está a chave para entender a seqüência evolutiva que deu origem ao Homo sapiens.A ausência de fósseis de ancestrais de gorilas e chimpanzés para comparar com os de hominídeos tem feito os cientistas se fiarem em dados obtidos por DNA para datar a origem de cada grupo. O Chororapithecus é uma das primeiras "balizas" para as datações de DNA. E mostra que elas possivelmente estão erradas.Suwa e seus colegas afirmam, em estudo na revista "Nature" de hoje, que estão diante de um animal muito parecido com os gorilas. Os dentes são adaptados a uma dieta de vegetais fibrosos, como a dos gorilas.Analisando-os, os cientistas concluíram que a linhagem dos gorilas já estava bem estabelecida há 10 milhões de anos. Portanto, a divergência entre ela e o ramo dos humanos e dos chimpanzés seria mais antiga do que o DNA indica.A falta de fósseis de grandes macacos na África também levou alguns cientistas a propor que os ancestrais comuns de gorilas, seres humanos e chimpanzés não evoluíram na África, mas sim foram imigrantes da Eurásia. "O Chororapithecus sugere, mais uma vez, que a África é o local de origem tanto dos humanos quanto dos grandes macacos modernos", afirmam Suwa e seus colegas.

Fonte: Folha de São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Tuesday, August 07, 2007

Defendendo a Nomenclatura Científica

Parcialidade Exegética,

Cada um defendendo seu peixe na grande área das Ciências Biológicas, uma delas é a astrobiologia, que ao contrário da bioquímica, da biologia molecular e subáreas adjacentes, não dá respaldos científicos a Teoria da Abiogênese, que teve seu ápice com os cientistas Miller e Urey, em seu importantíssimo experimento, há décadas atrás (1952), sendo repetida por vários outros cientistas. E dando origem a outras curiosidades desmistificadas por Sidney Fox, Thomas Cech, dentre outros.

AMEE

Resumo: Um dos maiores quebras-cabeça na biologia é ainda um dos principais desafios para a astrobiologia. Como a vida só emergiu na Terra e sobre quais condições podê se levantar a partir de outros corpos planetários?

Os reacionários da Panspermia voltaram a atacar, portanto, mantenha o senso-crítico aguçado ante algo "científico".

Thursday, August 02, 2007

NOS JOGOS, UMA PISTA SOBRE AS REGRAS DA EVOLUÇÃO

Carl Zimmer
The New York Times

Quando Martin Nowak estava no colégio, seus pais pensavam que ele seria um bom garoto e se tornaria um médico. Mas quando partiu para a Universidade de Viena, ele abandonou a medicina por algo chamado bioquímica. Para seus pais, era algo que tinha a ver com levedo e fermentação. Eles ficaram um pouco preocupados. Quando o filho deles entrou no curso de doutorado, eles ficaram ainda mais preocupados. Ele anunciou que agora estava estudando jogos.

No final, Nowak se saiu bem. Ele agora é diretor do Programa de Dinâmicas Evolucionárias de Harvard. Os jogos eram na verdade modelos matemáticos versáteis que Nowak podia usar para fazer importantes descobertas em campos tão variados quanto economia e biologia do câncer.

"Martin tem uma paixão por pegar idéias informais que pessoas como eu consideram teoricamente importantes e emoldurá-las como modelos matemáticos", disse Steven Pinker, um lingüista de Harvard que está colaborando com Nowak no estudo da evolução da linguagem. "Ele permite que nossas intuições sobre o que leva a o quê sejam testadas".

Na superfície, os muitos projetos de Nowak podem parecer aleatoriamente espalhados por várias ciências. Mas há um tema por trás de seu trabalho. Ele deseja entender uma das características mais fundamentais, porém mais enigmáticas da vida: a cooperação.

Quando biólogos falam em cooperação, eles falam mais amplamente do que o restante de nós. Cooperação é o que acontece quando alguém ou algo se beneficia porque outra pessoa ou coisa pagou o preço. O benefício pode assumir muitas formas, como dinheiro ou sucesso reprodutivo. Um amigo deixa o trabalho para pegar você no hospital. Uma abelha operária estéril cuida dos ovos em uma colméia. Mesmo as células no corpo humano cooperam. Em vez de se reproduzirem o mais rápido que podem, cada célula respeita as necessidades do corpo, ajudando a formar o coração, pulmões ou outros órgãos vitais. Mesmo os genes em um genoma cooperam para trazer um organismo à vida.

Em recentes estudos, Nowak argumentou que a cooperação é um dos três princípios básicos da evolução. Os outros dois são a mutação e seleção. Sozinhos, mutação e seleção podem transformar uma espécie, gerar novas características como membros e olhos. Mas a cooperação é essencial para a vida evoluir a um novo nível de organização. Protozoários unicelulares precisaram cooperar para dar surgimento aos primeiros animais multicelulares. Os seres humanos tiveram que cooperar para o surgimento de sociedades complexas.

"Nós vemos este princípio em toda parte na evolução onde coisas interessantes estão acontecendo", disse Nowak.

Mas apesar da cooperação poder ser central para a evolução, ele apresenta questões que não são fáceis de responder. Como indivíduos competidores começam a cooperar para o bem maior? E como continuam cooperando diante da exploração? Para responder estas perguntas, Nowak joga jogos.

Seus jogos são descendentes intelectuais de um quebra-cabeça chamado Dilema do Prisioneiro. Imagine que é oferecido a dois prisioneiros separados o mesmo acordo: se um deles testemunhar e o outro não falar, o que testemunhar ficará livre e o outro ficará na cadeia por 10 anos. Se ambos se recusarem a falar, o promotor só poderá mantê-los na cadeia por seis meses. Se um acusar o outro, ambos receberão sentenças de cinco anos. Sem saber o que o outro prisioneiro fará, como cada um deve agir?

A forma como o Dilema do Prisioneiro coloca a cooperação contra a delação revela uma característica importante da evolução. Em qualquer encontro entre dois membros da mesma espécie, cada um pode cooperar ou delatar. Certas espécies de bactérias, por exemplo, espalham uma enzima que quebra os alimentos, que todas as bactérias podem então absorver. Custa energia produzir tais enzimas. Se um dos micróbios deixa de cooperar e não produz enzimas, ele ainda assim pode desfrutar da refeição. Ele pode ganhar uma vantagem reprodutiva potencial sobre as bactérias que cooperam.

O Dilema do Prisioneiro pode parecer abstrato, mas este é o motivo para Nowak gostar dele. Ele o ajuda a entender regras fundamentais da evolução, assim como Isaac Newton descobriu que objetos em movimento tendem a permanecer em movimento. "Se ele estivesse obcecado com a fricção, ele nunca teria descoberto esta lei", disse Nowak. "Da mesma forma, eu tento me livrar do que não é essencial para encontrar o essencial. A verdade é simples".

Nowak encontrou suas primeiras pistas para a origem da cooperação no curso de doutorado, colaborando com seu orientador de Ph.D., Karl Sigmund. Eles construíram uma versão do Dilema do Prisioneiro que capturava mais a essência de como os organismos se comportavam e evoluíam.

No jogo deles, toda uma população de jogadores entra em uma competição em rodízio. São formados pares aleatórios de jogadores e cada um escolhe se cooperará ou delatará. Para fazer a escolha, eles podem lembrar suas experiências anteriores com outros jogadores individuais. Alguns jogadores podem usar uma estratégia na qual tinham 90% de chance de cooperar com um jogador com o qual já cooperaram no passado. Os jogadores são recompensados com ase em suas escolhas. Os jogadores mais bem-sucedidos reproduzirão. Cada novo jogador tinha uma pequena chance de fazer uma mutação aleatória de sua estratégia. Se tal estratégia se revelasse mais bem-sucedida, ele poderia dominar a população, eliminando seus ancestrais.

Nowak e Sigmund observaram este torneio ao longo de milhões de rodadas. Freqüentemente os vencedores usavam uma estratégia que Nowak chamou de "vencedor mantém, perdedor muda". Caso fossem bem-sucedidos na rodada anterior, eles repetiam a mesma coisa. Caso não se saíssem tão bem, eles mudavam. Sob certas condições, esta estratégia fez com que a cooperação se tornasse comum entre os jogadores, apesar do lucro a curto prazo da delação.

Visando estudar esta nova versão do Dilema do Prisioneiro, Nowak teve que desenvolver novas ferramentas matemáticas. Estas ferramentas provaram ser úteis também no estudo do câncer. Câncer e Dilema do Prisioneiro podem parecer não ter nada a ver, mas Nowak vê uma ligação íntima entre os dois. "O câncer é uma quebra da cooperação", ele disse.

Às vezes surgem mutações nas células que as fazem replicar rapidamente, ignorando os sinais para parar. Algumas de suas descendentes adquirem as novas mutações, permitindo que se tornem ainda mais bem-sucedidas que as células cancerosas. Em outras palavras, elas evoluem em delatoras ainda mais bem-sucedidas. "O câncer é uma evolução que não queremos", disse Nowak.

Mas para estudar o câncer, Nowak teve que dar alguma estrutura para seus modelos. No Dilema do Prisioneiro, os jogadores normalmente encontram uns aos outros aleatoriamente. No corpo humano, por outro lado, as células só interagem com as células de sua vizinhança.

Um exemplo notável destas vizinhanças pode ser encontrado nos intestinos, onde o tecido é organizado em milhões de bolsas minúsculas. Uma única célula-tronco no fundo de uma bolsa se divide e suas células filhas são elevadas para as paredes da bolsa. As células que chegam ao topo são eliminadas.

Nowak adaptou um ramo da matemática conhecido como teoria de gráficos, que possibilita o estudo de redes, para analisar como o câncer surge nestas vizinhanças locais. "Nosso tecido é na verdade organizado para adiar o início do câncer", ele disse.

As bolsas de células intestinais, por exemplo, só podem conter algumas poucas gerações de células. Isto reduz as chances de que qualquer uma se tornará cancerosa. Todas as células em cada bolsa são descendentes de uma única célula-tronco, de forma que não há competição entre linhagens para assumir o controle da bolsa. Enquanto Nowak desenvolvia este modelo de vizinhança, ele percebeu que ajudaria estudar a cooperação humana. "A realidade é que há uma probabilidade muito maior de eu cooperar com meus amigos, e é muito mais provável que interajam com seus amigos", disse Nowak. "Logo, é muito mais parecido com uma rede".

Nowak e seus amigos descobriram que quando colocavam os jogadores em uma rede, o Dilema do Prisioneiro se desenvolvia de forma diferente. Surgiam núcleos firmes de cooperadores e os delatores em outros pontos da rede não conseguiam minar o altruísmo deles. "Mesmo quando fora de nossa rede há trapaceiros, nós ainda assim conseguimos ajudar muito uns aos outros", disse Nowak. Isto sem contar que a cooperação sempre emerge. Nowak identificou as condições em que pode surgir com uma equação simples: B/C>K. Isto é, a cooperação surgirá se a razão benefício-custo (B/C) for maior que o número médio de vizinhos (K).

"É a coisa mais simples possível que se pode esperar e é completamente espantosa", ele disse.

Outro estímulo para a cooperação vem das reputações. Quando decidimos se vamos cooperar, nós não apenas nos apoiamos em nossas experiências anteriores com uma pessoa em particular. As pessoas podem ganhar reputações que as precedem. Nowak e seus colegas foram pioneiros de uma versão do Dilema do Prisioneiro na qual os jogadores adquirem reputações. Eles descobriram que se as reputações se espalharem rápido o bastante, elas podem aumentar as chances de ocorrer cooperação. As chances passavam a ser menores dos jogadores serem enganados por delatores e maiores de se beneficiarem com a cooperação. Nas experiências realizadas por outros cientistas com pessoas e animais, os modelos matemáticos de Nowak parecem se enquadrar. A reputação tem um efeito poderoso em como as pessoas jogam jogos. As pessoas que têm reputação de não cooperarem tendem a ser excluídas ou punidas por outros jogadores. Os jogadores cooperativos são recompensados.

"Você ajuda porque sabe que lhe dá a reputação de uma pessoa que ajuda, que será ajudada", disse Nowak. "Você também olha para outros e os ajuda de acordo com a forma como ajudaram".

O tema da cooperação humana é importante não apenas para biólogos matemáticos como Nowak, mas para muitas pessoas envolvidas no atual debate sobre religião e ciência. Alguns alegam que é improvável que a evolução pudesse ter produzido o senso de moralidade dos seres
humanos, o altruísmo de heróis e santos. "O altruísmo desinteressado representa um grande desafio para o evolucionista", escreveu o dr. Francis S. Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, em seu livro de 2006, "A Linguagem de Deus".

Nowak acredita que os biólogos evolucionários deveriam estudar o comportamento médio em vez de alguns poucos casos extremos de altruísmo. "O comportamento santo infelizmente não é a norma", disse Nowak. "A atual teoria pode certamente explicar uma população onde algumas pessoas agem de forma extremamente altruísta".

Mas isto não torna Nowak um ateísta. "A evolução descreve as leis fundamentais da natureza segundo as quais Deus decidiu desdobrar a vida", ele declarou em março em uma palestra intitulada "Evolução e Cristianismo" na Escola de Teologia de Harvard. Nowak está colaborando com teólogos de lá em um projeto chamado "A Evolução e a Teologia da Cooperação", para ajudar os teólogos a abordarem a biologia evolucionária em seus próprios trabalhos.

Nowak às vezes vê seus colegas cientistas surpresos quando ele defende a religião. Mas ele acredita que a surpresa vem da incompreensão dos papéis da ciência e da religião. "Como a matemática, muitas declarações teológicas não precisam de confirmação científica".

"Assim que você tem a prova do Último Teorema de Fermat, não é preciso esperar pelos cientistas nos dizerem se está certo. É aquilo".

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2007/08/

Tuesday, July 31, 2007

Defendendo a Nomenclatura Científica

Você sabe o que é a árvore da biodiversidade? É o que conhecemos no mundo acadêmico por cladograma, que através da análise morfológica nos mostra as relações evolutivas existentes entres os diversos táxons (espécie, gênero, família, ordem, classe, filo). Além da anatomia e outras vertentes macros, utilizada em larga escala pelos primeiros sistematas, atualmente, tem-se usado a genética, como principal fonte de análises comparativas através de alguns marcadores moleculares como microsatélites, SINES e SNPs.

A história da evolução da sistemática nos mostra o método comparativo de ver a vida através da taxonomia, tivemos três escolas, nas quais podemos inferir a primeira, originada e defendida por neodarwinistas, chamada sistemática evolutiva, ou gradista contra o fixismo imposto pela "Teologia Natural", de adeptos que agora não tem um movimento sistemata fixista, e sim baraminologicos através da baraminologia, nós somos frutos de um baramin, os macacos e símios parecidos, de outro baramin, e tome exegese para provar a ultrapassada teoria do poligenismo, uma tentativa frustrada criacionista com o mecanismo PUF múltiplo. A segunda, a sistemática fenética, na qual a filogenia era subjetiva, e não objetiva, utilizando em larga escala probabilidades, técnicas matemáticas de aproximação. A última e atual, foi proposta por Hennig, que utilizou do próprio nome para inauguração do primeiro software utilizado em larga escala por sistematas, o Hennig86, inaugurando a cladística, as linhagens filogenéticas. Outros exemplos de softwares podemos citar o PAUP e o NONA.

Mesmo não podendo voltar atrás no tempo, ou viver tanto tempo a ponto de perceber especiações em animais de ciclos de vida duradouro, podemos ter uma aproximação parcimonial através de métodos comparativos, constâncias embriológicas, evolutivas, anatômicas, fisiológicas, bioquimicas, dentre outras. Enfim, no macro e no micro.

Oliver Rieppel, artigo publicado em 2005, explicita que o teste da evidência total utilizado para inferências filogenéticas, assim como a teoria da verdade é para a metafísica e a do coerentismo para a epistemologia, é criticado a partir dos caracteres de congruência (que são comum entre comparação anatômica das espécies, homologia) apesar de serem necessários, mas não suficientes para reconstrução filogenética. A crítica permeia as características derivadas de fatores como desenvolvimento, função, herança e evolução, por seguirem aleatoriedade no processo de escolha da característica dada, um exemplo seria: Dois ursos, um branco e outro marrom, que diferem somente pela cor dos pêlos. Seria essa característica da cor dos pêlos arbitrária, e ignoraria a homologia, e seus diversos caracteres estruturais evolutivos que poderiam também ser utilizados?

Não, não é arbitrária, visto que é analisado onde encontramos topologicamente, na estrutura do organismo, a homologia; na similaridade por composição química/embriologia; e na continuidade através dos intermediários (fósseis).

Embora Kuhn (rs), critique a idéia dos compromissos ontológicos da filogenia, Quine, promove essa idéia, e defende que a ontologia é extendida para especificar quais objetos possam existir para que a teoria possa ser verdadeira pela ontologia. Hennig, não fica atrás, e também defende a filogenia pela teoria da coerência da verdade na metafísica, "Uma suposição que é verdadeira, é mostrada por sua 'confirmação' dentro da relação pensada, visto que não contradiz a relação, mas se ajusta nela." Algo deve ser realista quando segue uma objetividade, uma falibilidade, transfenomenalidade (indução), e para finalizar, uma contrafenomenalidade (crítica à aparência e a realidade) segundo o realismo transcendental, que engloba o realismo ontológico, o realismo epistemológico e a racionalidade do julgamento, vide Bhaskar.

Portanto, o mundo filogenético não é só de hipotéticas-deduções (Popper), é de probabilidades empíricas também, devido as características observadas geneticamente, bioquimicamente (micro) e fisiologicamente, anatomicamente, citologicamente, embriologicamente (macro) comparadas.



A notícia que saiu a poucos dias na Science Daily exemplifica melhor os fatos que ocorreram no Cambriano através da descoberta de fósseis trilobitas, que os DIstas amam omitem, ou distorcem.

"Mas como a evolução causou uma maior variabilidade dos organismos, as comunidades ecológicas tornaram-se mais diversas. “Você teve que ser minuciosamente ajustado a seu nicho particular para fazer uma vida e para vencer concorrentes para um recurso limitado.” A hipótese genômica oferece uma segunda explanação para o declínio da variação dentro das espécies sobre o tempo. De acordo com esta idéia, os processos internos no organismo eram os fatores chaves. Os vários processos de desenvolvimento interagem um com o outro para controlar o crescimento e a formação das peças de corpo enquanto todo o organismo progride do ovo ao adulto. “Foi o sugerido nos primórdios da história evolucionária, no período Cambriano, ao grau que nestes diferentes processos ontogenéticos, a interação de um processo com o outro dentro do organismo era muito menor” Webster sugeriu dizendo. “Em conseqüência, os confinamentos em o que o organismo final olhado como era relativamente baixo.” Ambas as hipóteses são igualmente viáveis na luz dos achados mais atrasados de Webster. “Nós necessitamos separar a aparte o que está controlando este teste padrão da variação elevada dentro das espécies. Há muito trabalho a fazer” disse.

Você como um bom neodarwinista, pergunta, qual espécie foi encontrada antes dos trilobitas? Agora pergunto, qual trilobita? Há mais de quatro mil espécies fossilizadas deles, organizadas em uma árvore filogenética. Recomendo o site, Webprojeto Árvore da Vida (em inglês) pela didática.

Termino, citando Gould, apud Darwin: "Os Fatos são os dados do mundo; as Teorias são explanações propostas a interpretar e a coordenar os fatos." O fato da Evolução, a Teoria da Seleção Natural. E continua... "O fato da evolução é estabelecido como qualquer coisa na ciência (tão seguro quanto a volta da Terra em torno do Sol), embora a certeza absoluta não tenha nenhum lugar em nosso léxico. As Teorias, ou as indicações sobre as causas das mudanças evolucionárias documentadas, realizam-se agora em um período do debate intenso - uma boa marca da Ciência em seu estado mais saudável. Os Fatos não desaparecem quando os cientistas debatem as Teorias."





Bhaskar, R. General Introduction, em M. Archer et al, Critical Realism: Essential Readings. London/New York, Routledge, 1998.

Gould, S. J. Darwinism defined , the difference between fact and theory Discover, January 1987: 64-70.

Hey, J.; Fitch, W. M.; Ayala , F. J. Systematics and the Origin of Species: On Ernst Mayr's 100th Anniversary National Academy of Sciences, 2005.

Rieppel, O. The philosophy of total evidence and its relevance for phylogenetic inference. Papéis Avulsos Zoologia 2005, 45:1-31.

Monday, July 30, 2007

Palavra de Especialista

A MONTANHA DE CONCHAS DE LEONARDO DA VINCI


POR ÁTILA OLIVEIRA


Leonardo Da Vinci foi um daqueles raríssimos indivíduos que podem ser chamados de gênio sem parecer um exagero. Infelizmente, a exposição que aborda a vida e obra deste grande gênio na Oca, em São Paulo, chega ao fim no próximo dia 29. É cara, mas vale a visita. Competente pintor, desenhista, escultor, poeta, músico (compunha, cantava e tocava instrumentos), filósofo, anatomista, naturalista, engenheiro, matemático, físico e arquiteto; realizou obras tão grandiosas quanto belas e teve idéias que produziram anotações que antecipavam um futuro que muitos outros renascentistas consideravam impossível.

Minha formação e preferências pessoais não me permitem avaliar a obra artística de Leonardo; sou mais um apreciador das anotações e trabalhos científicos dele. Além de estudos super detalhados sobre anatomia (com o principal intuito de tornar suas obras de arte o mais realista possível), baseado principalmente na dissecação de cadáveres (algo ainda mal visto no séc XVI), e na observação minuciosa de animais e plantas; Leonardo Da Vinci antecipou equipamentos como o para-quedas, a bicicleta, a máquina à vapor e o helicóptero. E se espantava com o fato de alguns médicos da sua época pretenderem curar doenças sem conhecer a fundo a anatomia humana.

Sim, o título deste meu texto é uma clara referência ao último livro do paleontólogo de Harvard, Stephen Jay Gould (1941-2002). Como já se tornara marca registrada em sua obra, ele analisa com muito bom humor nesse volume, em uma coletânea de ensaios, vários fatos interessantes envolvendo a evolução das espécies. Quem já leu esse livro sabe que a maioria dos ensaios discorre especificamente sobre como a contingência histórica e a fé pessoal de alguns pesquisadores levaram-nos muitas vezes a conclusões equivocadas, ao longo da história da ciência. Dentre os fatos relatados, ganha especial destaque o estudo de Leonardo Da Vinci sobre conchas marinhas fósseis.

E é justamente esta contingência histórica que pretendo abordar aqui hoje. O texto a seguir, extraído de documentos da imprensa da época e publicado no Brasil numa biografia de Da Vinci elaborada pela editora Martin Claret, retrata o episódio chave desses estudos. Percebe-se no mesmo que Leonardo era de fato um indivíduo muito a frente de seu tempo. E não raras vezes era por isso mesmo incompreendido. Não era apenas alguém criativo, perceptivo e brilhante, como também alguém com uma "sede" insaciável de compreender o mundo que o rodeava, não se contentando com afirmações do tipo "porque é assim e ponto final". Ele queria compreender COMO e POR QUE as coisas são como são. Ele não se contentava com respostas prontas ou ausência de respostas. Ele queria VER. Queria ENTENDER.

Leonardo Da Vinci fazia uso do empirismo científico para conseguir suas respostas. A maior parte do grande público só conhece o Da Vinci artista. Infelizmente, muitos desconhecem o fato de que a sua forma de analisar o mundo foi de grande contribuição para a evolução da ciência. Por meio dos seus estudos, ele percebeu que o mundo nem sempre foi como é hoje, o que o levou a indagar-se se as formas de vida também não estariam se alterando desde o inicio das mesmas na Terra. Pois é, Leonardo Da Vinci já havia percebido a evolução biológica, muito embora não tivesse dado a ela este nome na época e nem tenha se empenhado (ou não tivesse tido tempo, tendo em vista suas múltiplas tarefas) em estudá-la mais a fundo.

É bem verdade que tal metodologia não era necessariamente uma novidade na época, mas também é verdade que os denominados líderes da ciência do Renascimento aceitavam-na com ressalvas. Isso ocorria devido ao dogmatismo então presente, que fica evidente no narrativa que se segue.

Moluscos bivalves fósseis (gênero Spondilus), do período cretáceo (100 milhões de anos), encontrados na Itália.

Em Milão, na corte de Ludovico, o Mouro, realiza-se o segundo Duelo do Saber; cujos participantes são doutores, deões e professores da Universidade de Pavia.
Por solicitação do próprio duque, Leonardo Da Vinci participa do torneio depois de concluir: "Se eu não ceder, talvez fique zangado; falarei sobre o primeiro assunto que me vier á cabeça."
Sobe à cátedra e fala:
- Devo prevenir-vos de antemão que isto me acometeu inesperadamente... foi uma surpresa... Bem, falarei sobre conchas marinhas.
E começou:
- Estou persuadido de que o estudo dos animais e plantas petrificados, que até aqui foi desprezado pelos homens da ciência, constituirá o começo de uma nova ciência da terra, do seu passado e do seu futuro.
- A informação que acabais de nos fornecer - observou o reitor da Universidade de Pavia, Gabriele Pirovano - é deveras curiosa. Mas permitir-me-ei uma observação: não é mais simples explicar a origem dessas pequenas conchas por uma acidental, divertida e inocente brincadeira da natureza; sobre a qual pretendeis edificar uma nova ciência? Não é muito mais simples explicar a sua origem como tem sido feito até agora pelo Dilúvio Universal?
- Sim, sim, o Dilúvio! - observou Leonardo - Sei que atribuem isso ao Dilúvio. Só que essa explicação não se mantém de pé... Julgai por vós mesmos: o nível da água durante o Dilúvio, de acordo com aquele que o mediu, foi de dez côvados acima das montanhas mais altas. Conseqüentemente, as conchas levadas pelas ondas tempestuosas, deveriam ter caído no cimo, inevitavelmente no cimo, mas não nos lados, nem ao pé das montanhas, e muito menos dentro de cavernas subterrâneas. Além disso, teriam caído em desordem, ao capricho das ondas, mas não, como sempre, no mesmo nível; nem em camadas sobrepostas, como são encontradas. Basta que observeis - e isso é realmente curioso - que os animais que vivem em colônias, tais como os moluscos, as cibas e as ostras, permanecem unidos, como deveriam, ao passo que os de hábitos solitários, ficam à parte, tal como podemos ver ainda hoje nas praias. Tenho freqüentemente observado a disposição das conchas petrificadas na Toscana, Lombardia e Piemonte. Mas se disserdes que não são levadas para lá pela maré, mas que subiram por si próprias, pouco a pouco, com a água, acompanhando a elevação dela, ainda assim essa vossa objeção é facilmente refutável, pois o marisco é um animal tão lento como o caramujo, ou até mais. Não nada, apenas se arrasta sobre a areia e as pedras pelo movimento das suas válvulas, e a maior distância que pode percorrer durante um dia inteiro é de três ou quatro varas. Como, pois, se tiverdes a bondade de explicar-me, Messer Gabriele, podeis conceber que, durante os quarenta dias que o dilúvio durou, segundo o testemunho de Moisés, pode ter-se arrastado esse molusco duzentos e cinqüenta milhas, que é a distância a separar Monferrato das praias do Adriático? Somente os que, desprezando a experiência e a observação, julgam a natureza pelos livros, de acordo com os conceitos dos mercadores de palavras, bem como os que jamais tiveram a curiosidade de olhar com os seus próprios olhos as coisas de que falam, ousarão fazer tal asserção!
Depois de um silêncio constrangedor, finalmente o astrólogo da corte, Messer Ambrogio da Rosate (antes da aceitação cabal das leis de Johannes Kepler e Isaac Newton, astronomia e astrologia eram estudas indefinidamente como uma única disciplina), propôs, citando Plínio, uma outra solução: as petrificações que teriam somente a aparência de animais marinhos, tinham sido deformadas, na profundeza da terra, pela ação mágica das estrelas.
- Mas então, Messer Ambrogio - retorquiu Leonardo - como explicais o fato de que a influência das mesmas estrelas, no mesmo lugar tenha criados animais não apenas de diferentes espécies, como também, de diferentes idades? Eu próprio descobri que, mediante secções transversais feitas em conchas, bem como em chifres de bois e carneiros e troncos de árvores decepados, é possível determinar com exatidão não somente os seus anos de vida, mas até mesmo os meses. Como explicaríeis o fato de se encontrarem algumas delas inteiras, outras quebradas, outras ainda, cheias de areia, lodo, pinças de caranguejos, ossos e dentes de peixes, e de grandes cascalhos, semelhantes aos que se encontram nas praias, formados de pequenas pedras arredondadas pelas ondas? E as delicadas marcas de folhas nos penhascos das mais altas montanhas? E as algas marinhas presas às conchas, ambas petrificadas, congeladas num único bloco? De onde vem tudo isso? Da influência das estrelas? Mas então, se raciocinarmos desse modo, suponho que não encontrareis em toda a natureza um único fenômeno que não possa ser explicado pela influência mágica das estrelas e, nesse caso, todas as ciências são inúteis, com exceção da astrologia...
O velho doutor em escolástica pediu a palavra e, quando lha concederam, observou que o assunto estava sendo tratado de maneira imprópria, pois apenas uma de duas coisas era possível: ou o problema dos animais das escavações pertencia ao conhecimento inferior, "mecânico", alheio á metafísica, caso em que nada havia a dizer-se do mesmo, já que não havia combinado discutir ali assuntos não relacionados com a filosofia; ou então o problema dizia respeito ao conhecimento verdadeiro e superior, a dialética, e nesse caso, deveria ser discutido de acordo com as leis da dialética, elevando os conceitos á pura contemplação mental.
- Sei de tudo isso - observou Leonardo Da Vinci - Também eu pensei muito sobre esse assunto. Só que tudo isso não é como afirmais... Penso que não há alto conhecimento nem conhecimento inferior, mas apenas um único conhecimento, decorrente da experimentação...
- Da experimentação? Ah, então é essa a vossa opinião? Bem, nesse caso, se me permitis, gostaria de perguntar-vos o que seria da metafísica de Aristóteles, Platão, Plotino... de todos os antigos filósofos que falaram sobre Deus, o espírito, as coisas essenciais... Será que tudo isso...
- Sim, nada disso é ciência - retorquiu, calmamente, Leonardo - Reconheço a grandeza dos antigos, mas não neste caso. Na ciência, tomaram o caminho errado. Queriam sondar o que é inacessível ao conhecimento, enquanto desdenhavam o que era acessível. Meteram-se a si próprio e aos outros, durante séculos, num beco sem saída. Porque os homens, quando tratam de assuntos que não podem ser provados, não conseguem nunca chegar a um acordo. Onde não há soluções sensatas, o lugar delas e tomado pela gritaria. Mas aquele que sabe não tem necessidade de gritar. A palavra da verdade é uma só, e quando é pronunciada, devem cessar os gritos dos que disputam. Se porém, os gritos continuam, é porque ainda não há a verdade.
Silenciado, percebeu seu isolamento em meio de toda aquela gente que se considerava servidora da ciência.

Átila Oliveira é biólogo, ambientalista e recentemente descobriu-se também um apreciador da arte.



Labels: ,